Foi há 102 anos que os sinos soaram para calar o barulho das armas.
Quatro anos de conflito e quarenta milhões de baixas depois, a 11 de novembro de 1918, pelas 11 horas, dentro de uma carruagem-restaurante, em plena floresta de Compiègne (França), Aliados e Alemanha assinaram aquele que é provavelmente o mais famoso dos Armistícios – o que pôs fim a uma das guerras mais mortíferas e duras de sempre: a I Grande Guerra.
Hoje é dia de chamar à memória a participação de tantas Nações e o sacrifício de tantos milhões de homens, mulheres, crianças e famílias inteiras no conflito. Dia de relembrar também os soldados do Corpo Expedicionário Português, como o Soldado Milhões, e o empenho da 1.ª República Portuguesa, na figura de Bernardino Machado.
Apesar da data marcar o fim da guerra na frente ocidental, as hostilidades continuaram em outras regiões, especialmente em partes do antigo Império Russo e do antigo Império Otomano.
Ao Armistício de Compiègne seguir-se-ia a 28 de junho de 1919 o Tratado de Versalhes.
Neste dia simbólico deixamos duas sugestões de leitura: Boa Viagem, Senhor Presidente! De Lisboa até à Guerra. 100 anos da Primeira Visita de Estado e Anibal Milhais. Um Herói chamado Milhões.
Em Boa Viagem, Senhor Presidente! De Lisboa até à Guerra. 100 anos da Primeira Visita de Estado (catálogo da exposição homónima que esteve patetente no Museu da Presidência da República, em 2018) é contada a viagem que, em outubro de 1917, Bernardino Machado (eleito Presidente da República dois anos antes) empreendeu num momento marcante para o reconhecimento internacional da então jovem república portuguesa. Numa época em que viajar não era uma rotina, mas um acontecimento, Bernardino Machado parte da Estação do Rossio para uma viagem de Estado que iria durar dezoito dias, e que tinha por objetivo, além de visitar os militares portugueses mobilizados na Flandres para combater na Primeira Guerra, ser recebido pelos chefes de Estado de Espanha, França, Inglaterra e Bélgica como forma de consolidar a legitimação internacional do regime republicano.
Já Anibal Milhais. Um Soldado chamado Milhões (texto de José Jorge Letria e ilustrações de Nuno Saraiva) dá conta, numa edição dedicada ao público mais jovem, da história de um soldado de baixa estatura mas de alta valentia que lhe valeu o cognome de Milhões, pelo seu heróico desempenho na I Guerra Mundial, mais precisamente na Batalha de Lys. Anibal Milhais foi um homem de coragem invulgar e de fé inabalável que elevou alto o nome de Portugal: «Ali ficou, pronto para tudo, até para morrer por aquilo em que acreditava».