Texto: Tânia Pinto Ribeiro
Fotografias: Rita Assis
Duarte Azinheira, Diretor da Unidade de Publicações da Imprensa Nacional-Casa da Moeda [INCM] apresentou ontem o plano editorial para 2017 da editora do Estado. A apresentação pública decorreu, como já vem sendo hábito, nas instalações da sua centenária Biblioteca, na Rua da Escola Politécnica, em Lisboa.
No plano de serviço público, são cerca de 70 as propostas editoriais da INCM para 2017, distribuídas por diversos temas e coleções, que vão da poesia às edições críticas, passando pelas obras completas, pelo design, pela história, pelo direito, pela filosofia, pelo infantojuvenil, entre outras. A editora pública vai, assim, ao encontro da sua missão: editar obras essenciais da cultura nacional e universal e preservar, promover e ampliar o património bibliográfico da língua portuguesa.
Uma das grandes apostas da editora pública para este ano é a novíssima coleção «Biblioteca José-Augusto França», dedicada a um dos mais notáveis intelectuais portugueses contemporâneos, e que acolherá este ano os dois primeiros volumes de um total de 16 que compõem a seleção de obras feita pelo autor, de entre toda a ficção e ensaio que publicou. Do primeiro volume constará o romance Natureza Morta e os textos «Três Pequenos Contos de África», «D. Júlia» e «O Retornado». O segundo volume será dedicado a Charles Chaplin, o Self-Made Myth, contemplando também Charles «Charlot» Chaplin e O Último Gag de Charles Chaplin.
Também a reedição de A Paleta e o Mundo, de Mário Dionísio, esgotada há largos anos, figura como um dos mais desafiantes projetos editoriais da INCM para 2017. A terceira edição desta obra será, à semelhança da primeira, uma edição ilustrada.
A Obra Completa de Bocage, Eça de Queiroz — Uma Biografia e a Poesia Completa de Sá de Miranda são também grandes apostas da editora do Estado para este ano. Novidade será ainda o vol. II do Diário de João Bigotte Chorão.
Por falar em ciclos integrais, a cultura portuguesa continua em destaque na edição, que se prevê marcante, do Teatro Completo de Natália Correia, incluída na coleção «Biblioteca de Autores Portugueses», que acolherá, entre outros, A Trilogia do Olhar, teatro de José Gardeazabal — vencedor da 1.ª edição do Prémio INCM/Vasco Graça Moura na categoria de Poesia.
Uma Aproximação à Estranheza, de Frederico Pedreira, e Debaixo da Nossa Pele. Uma Viagem, de Joaquim Arena — respetivamente vencedor e menção honrosa da 2.ª edição do Prémio INCM/VGM (categoria Ensaio) serão publicados este ano na coleção «Olhares». Esta coleção receberá ainda um outro laureado de peso: o poeta, ensaísta e historiador brasileiro Alberto da Costa e Silva, Prémio Camões 2014, com A Enxada e a Lança.
Dos palcos chegarão ainda mais seis originais para acrescer à coleção «Biografias do Teatro Português», editada em parceria com os Teatros Nacionais D. Maria II e São João, e que se estreia com um livro dedicado à Companhia Rey Colaço-Robles Monteiro (já publicado), e outro dedicado a Alfredo Cortez (a publicar em breve).
Os autores clássicos estabelecem a base de todo o plano para 2017: além dos nomes já referidos, as coleções de «Edições Críticas» vão continuar a acolher obras seminais de: Almeida Garrett, com Um Auto de Gil Vicente; Camilo Castelo Branco, com As Novelas do Minho e Coração, Cabeça e Estômago; Fernando Pessoa, com Mensagem e Poemas Publicados em Vida; e Eça de Queirós, com a publicação de Os Maias. Já a coleção «Pessoana» acolherá os Poemas de Alberto Caeiro.
As Pupilas do Senhor Reitor, de Júlio Dinis, O Crime do Padre Amaro, de Eça de Queirós, e Vinte Horas de Liteira vêm juntar-se à «Biblioteca Fundamental da Literatura Portuguesa». Esta é uma coleção que olha para a literatura portuguesa como um corpus muito alargado e que pretende juntar obras fundamentais para estabelecer o cânone da literatura portuguesa.
Já a coleção «Plural», agora focada exclusivamente na poesia, continuará a receber os poetas de língua portuguesa. Entre eles, atenção particular para José Henriques dos Santos Barros, Alice Sant’Anna e Mário Avelar.
É de salientar também a publicação de uma grande antologia da obra de José Augusto Mourão, assim como Cinzento e Dourado. Raul Brandão em Foco, nos 150 Anos do Seu Nascimento e Almada Negreiros — Um Percurso Possível, de Vasco Medeiros Rosa. Entre outros títulos, destaque ainda para Os Primeiros-Ministros de Portugal (1820-2015), o Diário da Visita de Bernardino Machado à Frente da Batalha na I Guerra Mundial e Os Antunes – Mestres Portugueses de Fazer Cravos, Pianofortes e Pianos (Séculos XVIII e XIX) de Ana Paula Tudela.
O livro infantojuvenil é contemplado na coleção «Grandes Vidas Portuguesas», a que se prevê que se venham juntar as biografias da Marquesa de Alorna, da Ferreirinha, de Rosa Mota e de António Lobo Antunes. Na coleção «Cidadania», o Diário da República explicará aos mais novos o que é e qual a importância do jornal oficial do Estado.
A «Coleção D», dedicada ao design português, continuará, em 2017, a centrar-se nas monografias sobre os principais designers nacionais. Foco especial para Eduardo Aires. Na mesma linha das artes visuais, lugar também para a fotografia que terá agora realce no catálogo deste ano da INCM, com a criação da coleção «PH».
E numa linha iniciada há já alguns anos, a palavra-chave da INCM continua a ser «parceria», seja com operadores públicos seja com entidades privadas no domínio da cultura. Sob a alçada de um protocolo existente com a Direção-Geral do Património Cultural está assegurada a edição dos catálogos de exposições e outras obras dos principais museus, palácios e teatros nacionais.
Obras e autores consagrados, temas e coleções tradicionais mas também novos autores e novas coleções conferem à linha editorial da INCM para 2017 o timbre que a mantém em consonância com a contemporaneidade.
Após a apresentação do Plano Editorial para 2017, ouviram-se nas instalações da histórica gráfica, os acordes do Concerto para Violino e Orquestra n.º 5 de Mozart, sob direção musical de Ana Pereira, que esteve também ao violino. Imediatamente depois foi tocada a Sinfonia n.º 7, Op. 92, de Beethoven, também pela Orquestra Metropolitana, sob a batuta do maestro Pedro Amaral. Um concerto belíssimo que mereceu grandes ovações e aplausos de pé.
Recorde-se que a Imprensa Nacional é herdeira de uma ampla experiência editorial e de um vastíssimo catálogo e que em 2018 cumprirá dois séculos e meio de atividade de edição livreira. Este que foi um percurso iniciado em 1768 com o estabelecimento da Imprensa Régia, que em 1833 passou a designar-se Imprensa Nacional.
TPR