Um pouco como quem restaura uma tela que o tempo degradou, os textos, tal como as obras de arte, também se degradam e precisam de restauro. Degradam-se principalmente em duas cirscunstâncias: quando os escritores deixam manuscritos por publicar, que podem ser mal lidos e mal interpretados, e quando o escritor é tão popular, como é o caso do Eça, que favorece múltiplas edições. Daí surge a necessidade da «Edição Crítica».
No caso de Eça de Queirós, por exemplo, sabe-se que em vida publicou O Crime do Padre Amaro, O Primo Basílio, A Relíquia, Os Maias, O Mistério da Estrada de Sintra e O Mandarim. Quando morreu estavam para publicação A Ilustre Casa de Ramires, A Correspondência de Fradique Mendes e A Cidade e as Serras. A Capital!, Alves & Companhia, A Tragédia da Rua das Flores só foram «descobertas» mais tarde.
Associada a um projeto de investigação desenvolvido no Centro de Literatura Portuguesa da Universidade de Coimbra, desde 1992, a Imprensa Nacional publica a coleção «Edição Crítica das Obras de Eça de Queirós». Com coordenação de Carlos Reis, esta coleção propõe-se rever e fixar, de acordo com princípios da crítica textual ajustados a um autor moderno, o chamado cânone queirosiano. E o primeiro passo para uma edição crítica é fixar o texto, isto é, saber qual o texto que constitui ou que constituiria a última vontade do autor.
Cada volume desta coleção inclui, além do texto fixado e anotado, uma circunstanciada introdução, notas biobibliográficas e eventualmente apêndices.
Conheça aqui o catálogo com todos os títulos da coleção «Edição Crítica de Eça de Queirós».
«A edição crítica das obras de Eça de Queirós não persegue objetivos de divulgação literária. Do que se trata é de tentar corrigir desvios em parte favorecidos, reconheça-se, pela extraordinária popularidade de que beneficiou desde sempre Eça de Queirós. Não são, pois, intuitos de ordem comercial os que regem uma edição crítica. O grau de especialização que ela implica, o tempo de dedicação que requer e as exigências de apresentação gráfica que a atingem fazem de uma edição crítica uma tarefa de salvaguarda patrimonial; ela destina-se, assim, a estabilizar textos nalguns casos em acentuado estado de degradação, permitindo depois outras edições, essas sim servindo objetivos de divulgação cultural.»
in https://queirosiana.wordpress.com