Ficha
«Já anteontem soubéramos, a hora adiantada da noite, que o Sr. Dr. Afonso Costa, o ilustre conferente de ontem na Imprensa Nacional, a despeito dos seus muitos afazeres honraria o compromisso tomado quando ainda não pensava em assumir a presidência do governo, colaborando na obra educativa que o administrador da Imprensa Nacional com tão feliz êxito iniciou. […] Semana a semana temos acompanhado, com um interesse que não é pura e simplesmente o interesse profissional, essa brilhantíssima plêiade de homens de ciência que tão honrosamente vêm cumprindo o sagrado dever de educar, realizando instrutivas palestras na Imprensa Nacional perante concorridas assembleias de homens que trabalham e que no trabalho veem a única forma de enaltecer a vida. Nunca, porém, como ontem, ao transpormos os umbrais da vastíssima oficina tipográfica onde mais de três mil pessoas se acotovelavam na ânsia de ouvir a palavra de um homem, nos sentimos tão profundamente impressionados, tão justamente comovidos!
Dentro de reservado recinto, separado da maior parte da sala pelos cavaletes tipográficos, tomavam lugar, entre muitas senhoras, grande número de professores, representantes das duas casas do parlamento, o chefe do distrito, comandante das guardas republicanas e todo o ministério com exceção dos ministros da guerra, interior e justiça, impedidos estes últimos de comparecer por motivos justificados. […]
[…] o Sr. Dr. Afonso Costa a custo rompia por entre a multidão que se amontoava à porta, e uma vibrante, entusiástica, inextinguível salva de palmas rompia sublinhando calorosos vivas à República, à Pátria, ao glorioso conferente, manifestação de uma espontaneidade bela, grandiosa, não lhe faltando mesmo a nota interessante e sincera do aplauso feminino, todas as senhoras de pé, agitando os lenços no auge do entusiasmo… […]»