Texto de António Carvalho, Diretor do Museu Nacional de Arqueologia.
A relação entre o Museu Nacional de Arqueologia e a Imprensa Nacional remonta ao final do século XIX.
José Leite de Vasconcelos (1858-1941), o sábio que não só gizou o Museu como foi o seu primeiro Diretor, era um autor prolixo do catálogo da Imprensa Nacional.
Daí que facilmente se compreenda que a revista oficial do Museu Etnográfico Português — essa foi a denominação original do Museu Nacional de Arqueologia — fosse editada pela Imprensa Nacional, a editora do Estado. O Arqueólogo Português é uma revista prestigiada em Portugal e na Europa, espécie de repositório da Arqueologia e uma das mais antigas da Europa do seu género em continuidade de edição. O primeiro número foi publicado em janeiro de 1895.
No século XXI, como no século XIX, a parceria renova-se e a Imprensa Nacional volta a editar a revista do Museu e também os catálogos das exposições nacionais e internacionais que o Museu organiza e promove.
Desta centenária parceria nasce o mais recente convite ao Museu Nacional de Arqueologia, como um dos mais relevantes Museus Nacionais, para participar em mais um projeto de verdadeiro serviço público, que ganha especial relevância no momento em que grande parte da população portuguesa está, e estará nos próximos tempos, em isolamento social devido à evolução da pandemia de COVID-19.
Este programa é um desafio para que os amigos da cultura portuguesa usem o seu tempo para ler produtos culturais de qualidade, colocados à sua disposição em acesso aberto nos sites de ambas as instituições. Os catálogos das exposições podem ser também obras fundamentais da Cultura Portuguesa. Neles se preserva e divulga o essencial da nossa memória e do património cultural que os museus nacionais guardam nas suas coleções.
Nesse sentido, escolhemos obras de grande qualidade académica e científica, de inegável interesse, para chegar junto de diferentes tipos de públicos, permitindo-lhes encontrar também nos domínios da Arqueologia e da História material de referência a reflexão especialmente necessária neste intenso e incerto momento histórico que vivemos. Começamos por disponibilizar o cátálogo:
Loulé. Territórios, Memórias, Identidades (2017) (clique para o ver e descarregar)
Trata-se de uma resenha monográfica de 7000 anos de arqueologia e história de um concelho cujo acervo é fundacional nas coleções do Museu Nacional de Arqueologia. Loulé é um concelho geograficamente central no Algarve, com uma orografia diferenciada, o maior município algarvio em área, que atravessa e liga o litoral oceânico ao Baixo Alentejo, e possui importantes vestígios de ocupações humanas na Pré e Proto‑História, na época romana, islâmica e medieval.
Na próxima quinta-feira, dia 16 de abril, ficará disponível o catálogo Lusitânia Romana. Origem de Dois Povos.