A coleção «Comunidades Portuguesas» pretende trazer a público testemunhos, documentos, ensaios e obras de criação literária respeitantes aos portugueses que vivem, trabalham e criam fora de Portugal. Com esta coleção, iniciativa conjunta do Ministério dos Negócios Estrangeiros e da Imprensa Nacional-Casa da Moeda, quer dar-se visibilidade e voz às nossas comunidades residentes no estrangeiro.
A coleção «Comunidades Portuguesas» destina-se a publicar textos relativos às migrações portuguesas, quer obras originais de autores da diáspora (termo que não recuso…), quer ensaios, estudos e testemunhos sobre as nossas comunidades e as nossas memórias de migrantes. Entre as suas atribuições está também promover a edição das obras galardoadas com o Prémio Imprensa Nacional/Ferreira de Castro, um prémio literário dirigido aos autores das comunidades portuguesas no estrangeiro, instituído também por protocolo entre o Ministério dos Negócios Estrangeiros e a Imprensa Nacional-Casa da Moeda.
Luís Filipe de Castro Mendes em entrevista à Imprensa Nacional
O conselho editorial da coleção «Comunidades Portuguesas» é composto por Luís Filipe Castro Mendes, que o preside, por Ivo Castro, indicado pela Imprensa Nacional, Onésimo Teotónio de Almeida, indicado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, e por Margarida Calafate Ribeiro, indicada pelo Instituto Camões.
TÍTULOS JÁ PUBLICADOS NA COLEÇÃO
Não Viajarei por Nenhuma Espanha é um livro póstumo de poemas de Marcus Vinicius Quiroga, contemplado com o Prémio Imprensa Nacional/Ferreira de Castro na sua primeira edição, em 2019.
Não Viajarei por Nenhuma Espanha é, nas palavras do júri do Prémio Imprensa Nacional/Ferreira de Castro, «um conjunto de poemas congraçados por manifesta unidade temática e estilística, plasmando, desse modo, o que se reconhece como a apreciável maturidade poética do autor. Junta-se a isto a fina sensibilidade do poeta que, fazendo dialogar a poesia com outras artes, constrói um macrotexto com notável riqueza cultural, expresso com rigor formal e cultivando metros com tradição consolidada», que assim fundamentou a escolha desta obra na 1.ª edição do prémio.
O romance Uma Casa no Mundo, de Irene Marques, foi contemplado com o Prémio Imprensa Nacional/Ferreira de Castro na sua primeira edição, em 2019, em ex-aequo com Não Viajarei por nenhuma Espanha, de Marcus Vinicius Quiroga.
Uma Casa no Mundo tem como pano de fundo uma casa de camponeses da região da Beira Alta: uma casa que sonha em ser mansão e se alastra pelo mundo, ou por vezes fora dele, tentando deslizar no sublime do transcendental, sempre guiada pelo etos de perfeição e realização. Trata-se de um romance que explora acontecimentos históricos específicos decorridos entre os fins do século XIX até depois da Revolução de Abril. Encontramos aqui de quase tudo: agentes da Pide, soldados jovens e idealistas encarcerados no mundo opressivo e violentíssimo da guerra colonial na Guiné-Bissau e em Moçambique que escrevem cartas profundamente relevadoras, generais de guerra brutos e psicopatas, a abjeta miséria física e psicológica dos colonizados e colonizadores, um médico que anseia ser escritor, mulheres abusadas por uma sociedade vinculadamente patriarcal e católica, um menino deficiente que tem uma visão do maravilhoso que no universo pode existir, amor inter-racial, e outras personagens que, sendo deste mundo, procuram outros melhores. Estamos perante um romance que revela a multiplicidade e complexidade do ser humano no seu universo imediato e distante, físico, psíquico, espiritual, mítico e místico: dir-se-ia uma veia com inúmeras artérias, todas estas se espalhando por vários cantos do universo, numa incessante busca existencial que pretende ampliar, consagrar e concretizar a potencialidade humana, esse latejante pulsar de todos nós, que sempre nos pede mais.
- antes ontem que amanhã, de Mónia Vieira-Auer
antes ontem que amanhã, de Mónia Vieira-Auer, foi contemplado com o Prémio Imprensa Nacional/Ferreira de Castro na 2.ª edição do prémio em 2020.
antes ontem que amanhã reúne 28 poemas de temática, forma e musicalidade diversas divididos em duas partes. Numa referência aos 28 anos de vivências na Alemanha, a autora conjuga esse universo pessoal, e ainda o período de infância e juventude em Portugal, com leituras e reflexões várias que se lhe surgem ao «levantar muitas vezes a cabeça».
A necessidade de estruturar pensamentos e sensações, a carência de lavrar memórias de pessoas, espaços, momentos e acontecimentos, conjugadas com o gosto pelos falares das nossas gentes são as sementes e o sumo deste livro: «os grãos de água e pingos de terra» de antes ontem que amanhã. Na primeira parte, o poema «a transumância dos nossos tempos» teve como ponto de partida a crise de refugiados na Europa em 2015; «deixou-nos sem palha nem agulha» é baseado nos trágicos incêndios de 2017, em Pedrógão Grande.
A segunda parte, intitulada «Biografias de Mulheres Que Não Existem», é composta por nove poemas dedicados a milhões de mulheres espalhadas e maltratadas pelo mundo.
LIVROS DA COLEÇÃO «COMUNIDADES PORTUGUESAS» DISPONÍVEIS BREVEMENTE EM FORMATO DIGITAL GRATUITO
A Imprensa Nacional disponibilizará, a 18 de novembro, no seu sítio de Internet, em www.imprensanacional.pt, várias edições em formato digital para leitura e descarga gratuitas desta coleção. São eles:
Cântico sobre Uma Gota de Água
Eduardo Bettencourt Pinto
A Porta Aberta
Laurinda Andrade
Org. Francisco Cota Fagundes
No Fio da Vida: Uma Odisseia Açor-Americana
Francisco Cota Fagundes
Romanceiro Português do Canadá
Manuel da Costa Fontes
Romanceiro Português dos Estados Unidos
Manuel da Costa Fontes