Eugénio Lisboa tem uma multifacetada carreira, dedicada à crítica literária, à escrita, à docência, à diplomacia e à gestão.
Nasceu em Lourenço Marques (atual Maputo) em 1930 e, com 17 anos, vem para Lisboa estudar engenharia eletrotécnica, no Instituto Superior Técnico, licenciando-se em 1953. Fez o serviço militar em Portalegre onde conheceu José Régio e, a seu convite, organizou uma antologia da sua poesia, em 1957, o que viria a revelar-se o início de uma longa reflexão à obra regiana.
Entre 1958 e 1978, Eugénio Lisboa dedica-se à gestão de companhias petrolíferas, em Moçambique e em França.
Apesar da formação académica em Engenharia Eletrotécnica, Eugénio Lisboa manteve sempre uma estreita ligação à cultura e à literatura, tendo abraçado a docência universitária em literatura portuguesa, a par da crítica literária e da produção ensaística. Devido à censura, durante o Estado Novo, usou os pseudónimos literários Armando Vieira de Sá, John Land e Lapiro da Fonseca.
De entre os muitos cargos que ocupou, destaca-se o seu papel como Presidente da Comissão Nacional da UNESCO, entre 1995 e 1998, tendo também sido Conselheiro Cultural da Embaixada de Portugal em Londres entre 1978 e 1995.
Foi professor de Literatura Portuguesa nas universidades de Lourenço Marques, Pretória, Estocolmo e Aveiro.
Como crítico literário e ensaísta, dedicou especial atenção à obra de José Régio, de quem foi grande amigo.
Na Imprensa Nacional publicou: O Essencial sobre José Régio, Ler Régio, Crónica dos Anos da Peste, Indícios de Oiro, Uma Conversa Silênciosa, e dirige a coleção «Obra Completa de José Régio».
Codirigiu, com Rui Knopfli, os suplementos literários dos jornais A Tribuna e A Voz de Moçambique e colaborou em várias publicações, como A Capital, Diário Popular, O Tempo e o Modo, Prelo, Colóquio. Letras ou JL.
Poeta, viu A Matéria Intensa (1985) reconhecida com o Prémio Cidade de Lisboa, atribuído pela Câmara Municipal de Lisboa.
Recebeu ainda vários prémios literários: Prémio Jacinto do Prado Coelho (2000); Grande Prémio da Literatura Biográfica (2012); Prémio Tributo de Consagração (2018).
Recentemente publicou as suas memórias, sob o título global Acta Est Fabula, e é colaborador regular no Jornal de Letras e na revista LER.
Eugénio Lisboa é membro da Academia das Ciências de Lisboa — Classe de Letras, e Doutor Honoris Causa pelas universidades de Nottingham (1988) e de Aveiro (2002).
Foi agraciado pelo estado português com os graus de Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, em 1980, Comendador da Ordem do Mérito, em 1993, e Comendador da Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, do Mérito Científico, Literário e Artístico, em 2019.
Desde 2016, tem um Prémio Literário em seu nome: Prémio Imprensa Nacional/Eugénio Lisboa, um prémio destinado a selecionar trabalhos inéditos de grande qualidade no domínio da prosa literária, incentivando desta forma a criação literária moçambicana, e uma forma de homenagear a relevância de Eugénio Lisboa, enquanto cidadão e homem de cultura nascido em Moçambique mas também como seu autor.