Em 22 de abril de 1843 foi dado o alerta na Imprensa Nacional: um incêndio tinha deflagrado no edifício do antigo Colégio dos Nobres, do outro lado da rua, onde estavam então instaladas as Escolas Politécnica e do Exército. Vendo as chamas devorar as instalações próximas, o administrador-geral, Frederico Marecos, deu ordem de suspensão de todos os trabalhos da Imprensa Nacional e mobilizou os empregados para o combate ao incêndio.
Tipógrafos, impressores, artistas… Todos participaram, utilizando a bomba existente na tipografia e apoiando a recolha de equipamentos e materiais em risco. Foram cerca de 100 os funcionários que trabalharam incessantemente, madrugada fora, para ajudar a extinguir as chamas.
Entre toda a destruição, salvaram-se máquinas, livros, imagens e muitos outros objetos. Dentro do edifício da Imprensa foi prestado socorro aos que, na tentativa de ajudar, foram feridos durante o combate ao fogo. Entre eles contavam- se marinheiros franceses e o jornalista e escritor José Feliciano de Castilho, que deixou o seu relato do acontecimento na imprensa da época.
Três dias depois do acidente, a rainha D. Maria II, vendo «o desvelado interesse que manifestou em tão calamitosa e arriscada conjuntura», mandou louvar o administrador da Imprensa e todos os empregados da tipografia do Estado, «especialmente aqueles que mais se distinguiram em semelhante ocasião, pelo bom serviço que prestaram e cuja cooperação muito contribuiu para que se conseguisse salvar da voragem das chamas muitas das preciosidades que aquele edifício continha».
Deste episódio terá resultado a organização, entre o pessoal da Imprensa Nacional, de um corpo de bombeiros voluntários que mais tarde participaria no combate a muitos outros sinistros.*
Imagens:
— «Fachada do Colégio dos Nobres», J.P.A. Litografia.
— Corporação de Bombeiros voluntários da Imprensa Nacional,post. 1883.
* Texto adaptado de: QUEIROZ, Maria Inês; JOSÉ, Inês; FERREIRA, Diogo, Indústria, Arte e Letras. 250 Anos da Imprensa Nacional, Imprensa Nacional, Lisboa, 2019.