Na «Plural Poesia» de hoje pedimos a Aurea Leminski para ler Paulo Leminski, seu pai. Importante autor brasileiro, a sua antologia poética foi agora publicada em Portugal, num volume da chancela editorial da Imprensa Nacional. Toda Poesia, assim se intitula a antologia, está publicada na coleção «Plural» da editora pública portuguesa.
Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso
preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece.
E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
Quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?
Escritor, ensaísta, crítico literário e tradutor, Paulo Leminski é um dos poetas mais acarinhados pelos leitores brasileiros, ao lado de nomes como Clarice Lispector ou Mario Quintana. É também um dos poetas mais expressivos da sua geração continuando a exercer, volvidos mais de 30 anos da sua morte, uma forte influência nas novas gerações de poetas brasileiros. Leminski não era um escritor convencional, foi o típico representante da poesia marginal e, por isso mesmo, longe de qualquer cânone literário.
Paulo Leminski – Toda Poesia
Deixou porém uma forte contribuição para a história da literatura brasileira do século XX. A aparente simplicidade dos seus poemas, normalmente curtos, provam a sua sofisticação literária, muito influenciada pela poesia japonesa, e, muito concretamente, pela poesia de Matsuo Bashô, de quem também escreveu uma biografia.
Além de poesia, Paulo Leminski escreveu romances, prosa experimental,contos, prosa poética e ensaios, entre tantos outros. Traduziu também obras de James Joyce, John Fante, Samuel Beckett e Yukio Mishima. Na sua curta vida, Leminski teve ainda tempo de esbarrar no terreno fértil da música popular brasileira. Foi letrista, músico e compositor.