O nono título da coleção «Edição Crítica de Camilo Castelo Branco», coordenada por Ivo Castro, já se encontra disponível nas lojas e nas livrarias. Num único volume reúnem-se as novelas Eusébio Macário. História Natural e Social duma Família no Tempo dos Cabrais (1879) e A Corja. Continuação do Eusébio Macário (1880), dois dos seus mais conhecidos títulos. A edição deste volume é de Ângela Correia, Patrícia Franco e Mafalda Pereira.
Se com As Novelas do Minho Camilo Castelo Branco, autor de uma obra quilométrica e de grande fôlego, se revela tocado pelo naturalismo, em Eusébio Macário e A Corja Camilo assume até que ponto os processos desta nova escola o tocaram, caricaturando-os. E alerta, desde logo a crítica:
Pede‑se à crítica de escada abaixo o favor de não decidir já que o autor plagiou Emílio Zola. Eusébio Macário não é Rougon-Macquart; nem uma família no tempo dos Cabrais é une famille sous le second empire. Sim, eles, os Cabrais, não são perfeitamente o segundo império.
Camilo Castelo Branco in «Nota Preambular», Eusébio Macário
A personagem que dá título à primeira novela, Eusébio Macário, é um boticário minhoto que conhece os remédios para todos os males, mas é também um exemplo de boémia e devassidão. E todo o livro é uma sátira sarcástica, mas sempre bem-disposta. Aliás Camilo chegou mesmo a confessar em carta a um amigo que teve a intenção de divertir o público com esta novela. «Estimo que o Eusébio Macário fizesse rir. Era o escopo que eu tinha de olho.»
Já A Corja, narrada em tom irónico e subjetivo, conta-nos a história do padre Justino e da família de Eusébio Macário, numa obra que recria com mestria a sociedade de então e através dela nos traz temas caros ao autor, como o amor clandestino e a rutura social. Abel Barros Baptista resume assim as obras:
Eusébio Macário: Primeiro dos «romances facetos», livro povoado por gente sem brios, porém castigando-a menos do que as veleidades moralizadoras da literatura. Quanto a brios, persistem, e é muitíssimo, os da comédia feroz.
A Corja: Segunda arremetida da ferocidade de Eusébio Macário, e o último da «interminável» série dos «romances facetos»: regressam as croias e os patifes, comendadores e barões, muitos brasileiros, mas o relevo é todo das mulheres, certas mulheres, Custódia, Felícia, a Eugénia Troncha…
Abel Barros Baptista (da contracapa)
Nesta coleção estão já publicados os títulos: Amor de Perdição, O Regicida, O Demónio do Ouro, A Sereia, Memórias do Cárcere, Novelas do Minho, O Morgado de Fafe e Coração, Cabeça e Estômago, títulos que se encontram também disponíveis, no site da Imprensa Nacional, em versão digital, gratuita e partilhável. Aqui.
O título que se segue nesta coleção é História de Gabriel Malagrida, a obra de Paul Mury que Camilo Castelo Branco traduziu e prefaciou a partir do francês.
De recordar que as edições críticas são as versões dos textos mais aproximadas da presumível intenção do seu autor. A edição crítica recua até à origem dos textos, até aos testemunhos deixados pelo seu autor, analisa-os detalhadamente e fixa, por critérios cientificamente definidos para cada caso, a versão mais autêntica e mais próxima possível da genuína vontade do autor.
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