Com edição de José Camões e Filipa de Freitas, a Imprensa Nacional acaba de lançar um monumental volume de mais de 1700 páginas com a poesia de Francisco de Sá de Miranda. A obra apresenta resultados de novas investigações, assim como poemas totalmente inéditos do escritor e humanista português Francisco de Sá de Miranda.
Como em qualquer edição moderna dos clássicos, a edição da Imprensa Nacional apura as leituras de edições anteriores; no caso particular desta obra, que conhecemos em impressos e manuscritos — quer da mão do autor, quer copiada em cancioneiros dos séculos XVI e XVII —, foram reunidas novas versões de composições poéticas.
Para além de uma apresentação atualizada deste grande clássico, a edição é ainda enriquecida com uma variada e abrangente seleção de auxiliares ao entendimento da obra, bem como de vários estudos introdutórios sobre a linguagem poética e a vida de Sá de Miranda. Hélio J. S. Alves assina «A linguagem poética de Sá de Miranda»; José Javier Rodríguez Rodríguez: «Las églogas de Sá de Miranda»; Marcia Arruda Franco: «Soneto de sete faces»; Ana María S. Tarrío: «A viagem maior. Francisco de Sá de Miranda e os autores clássicos» e T. F. Earle: «A obra de Francisco de Sá de Miranda vista pelos poetas quinhentistas».
Com o rigor de uma edição crítica, a Poesia de Francisco de Sá de Miranda inclui ainda um vasto aparato de variantes, notas contextuais, glossário e um longo catálogo bibliográfico.
Vulto cimeiro do Renascimento em Portugal, Francisco de Sá de Miranda nasceu em Coimbra em 1481, cursou Leis, em Lisboa, e foi amigo de Bernardim Ribeiro. Sá de Miranda privou com a corte e foi próximo do rei, D. João III, seu protetor. Na sua viagem a Itália assimilou as inovações do Renascimento italiano e aperfeiçoou o dolce stil nuovo. Quando regressou iniciou uma profunda renovação literária em Portugal: introduziu os versos grandes do decassílabo (que ficariam conhecidos como a «medida nova», em oposição à «medida velha», a das redondilhas), novas formas (sonetos, tercetos e oitavas) e também novas modalidades líricas (canções, cartas, éclogas e elegias, mas nunca deixou de fazer cantigas, esparsas e vilancetes). Miranda foi mentor dos principais poetas seus contemporâneos, em especial de António Ferreira, Diogo Bernardes e Pêro Andrade de Caminha e foi influenciando, ao longo dos séculos, muitos mais, até à contemporaneidade.
José Camões: Investigador Principal da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde leciona no programa de pós-graduação em Estudos de Teatro (Mestrado e Doutoramento). No Centro de Estudos de teatro desenvolve investigação sobre a História do Teatro em Portugal, estudos comparatistas do teatro ibérico do século de ouro e edição de teatro clássico português, produzindo ferramentas digitais para estas áreas de estudo. Centra a sua pesquisa sobretudo nos séculos XVI-XIX, assegurando a direção científica de vários projetos, destacando-se a edição integral do Teatro de Autores do Século XVI e do Século XVII, Documentos para a História do Teatro em Portugal, Teatro Proibido e Censurado nos Séculos XVIII e XIX. Como editor de teatro clássico português, tem vindo a publicar na Imprensa Nacional o teatro completo de autores portugueses do século XVI, tendo já publicados 8 volumes (Sá de Miranda, Afonso Álvares, Simão Machado, António Prestes, Anrique Aires Vitória, e três volumes com obras de autores anónimos), para além da edição das Obras de Gil Vicente (5 vols.), entre os quais as Comédias de Sá de Miranda, e dirige a coleção de textos dos séculos XVII e XVIII do Centro de Estudos de Teatro. As suas áreas de investigação abrangem a História do Teatro, a Crítica Textual e as Humanidades Digitais.
Filipa de Freitas é licenciada em Estudos Portugueses e Lusófonos, mestre em Estudos Portugueses (com uma dissertação sobre Francisco de Sá de Miranda) e mestre em Filosofia (com uma dissertação sobre Fernando Pessoa/Barão de Teive) pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (FCSH-UNL); doutorada em Filosofia (FCSH-UNL). Foi Bolseira de Investigação em vários projetos sobre Edição e História do Teatro em Portugal; colabora e/ou integra projetos sobre Fernando Pessoa, nomeadamente Fausto: uma existência digital. Tem publicado artigos nas mesmas áreas de investigação e participado em edições, nomeadamente nas Comédias de Francisco de Sá de Miranda (INCM, 2013) e na Obra Completa de Álvaro de Campos (Tinta-da-China, 2014).
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