— Mas se tu dizes que não havia liberdade e que existia polícia por todo o lado, como foi que ele conseguiu fazer uma campanha eleitoral?
— Ora, com muita coragem e muito apoio popular, e olha que essa campanha nada tinha que ver com as que hoje se fazem de quatro em quatro anos para a Assembleia da República, ou de cinco em cinco para a Presidência da República. Era muito mais difícil sob todos os aspetos. Mesmo assim houve verdadeiras multidões nas ruas, principalmente no Porto, onde parecia que o regime ia cair, tal era a força do apoio popular. No dia 15 de maio de 1958, o general fazia 52 anos e parecia um homem feliz por ter o povo nas ruas a apoiá-lo. Em Lisboa a multidão esteve com ele nas ruas e nas praças sem recear as cargas policiais e outras ameaças. E foi a mesma coisa em Chaves, Viseu e Aveiro. Era assim em toda a parte, para já não falar de terras de grande tradição de luta operária como o Barreiro ou a Marinha Grande onde praticamente toda a gente estava com ele. O entusiasmo era, de facto, enorme.
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