Diz-me como são os teus livros, como os organizas e dispões no espaço, dir-te-ei quem és. A biblioteca pessoal, construída ao longo de décadas, é quase sempre um espelho do seu proprietário. Na sua lógica interna ou na sua desordem (que esconde talvez padrões secretos), na amplitude dos temas ou no foco em áreas de interesse muito específicas, podemos ler sinais de quem as moldou. «Todas as bibliotecas são autobiográficas», escreveu Alberto Manguel num livro — A Biblioteca à Noite, Tinta-da-China — que explora muitos modos e variantes da acumulação de livros ao longo da História humana. Cada uma à sua maneira, as cinco casas de papel que visitámos confirmam, com diferenças de grau e intensidade, a afirmação do escritor canadiano nascido em Buenos Aires (onde na juventude leu para Jorge Luis Borges no seu apartamento, entre os seus livros).