por Miguel Cadete
in Expresso Curto, 22.01.2016
«O QUE EU ANDO A LER
(…)
A nenhum se pode disputar a categoria de académicos e investigadores de primeira água; mas o selo de verdadeiro pioneiro do estudo do património artístico português só pode ser atribuído a Joaquim de Vasconcelos.
Foi por isso que me atirei à sua biografia não tão recentemente editada (março de 2014), assinada por Sandra Leandro e publicada pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda.
O livro, não tão pequeno pois tem mais de 560 páginas, leva por título Joaquim de Vasconcelos: historiador, crítico de arte e museólogo e é, além de um muito exaustivo retrato do investigador, um excelente retrato da época.
Sobretudo pelas suas virtudes de polemista: ele que era de educação germanófila e que a posteridade havia de menosprezar em favor da sua mulher, Carolina Michaëlis.
O gosto pela ópera, a erudição furiosa nas mais variadas áreas e o escárnio a que era remetido pois arrastava os érres e dedicou-se a estudar os músicos portugueses (o que na época, no final do século XIX não era assim tão bem visto) compunham alguns dos traços de uma figura ímpar, hoje considerada fundadora da História de Arte em Portugal.
O livro de Sandra Leandro, que só comecei a ler, é exímio logo nas primeiras páginas na descrição desses ambientes e no terror que o casal Vasconcelos instigava em quem, ao seu redor, proferisse alguma banalidade ou pequeno erro de erudição.
São muitos os estudos que iniciou, tendo aliás escrito o primeiro texto, no Comércio do Porto, sobre o famoso políptico atribuído a Nuno Gonçalves, mas o que é notável é a sua capacidade para tratar de muitas outras áreas para lá da pintura. Foi também diretor do Museu Industrial e Comercial do Porto mas a política não era o seu forte. Ficou sem ele.
Era nosso dever estimar mais estas personalidades.»
Ler o artigo completo aqui.