Detalhes de documento

  • Arquivo
    INCM/Arquivo Histórico da Imprensa Nacional
  • Cota
    Correspondência Expedida - Ministérios. 1881-1886 - cx.6; s.c.
  • Tipo de documento
    Ofício
  • De:
    Administração-Geral da Imprensa Nacional, Venâncio Deslandes
  • Para:
    Secretário Geral do Ministério do Reino e Diretor-Geral da Instrução Pública, António Maria de Amorim
Transcrição

«Em ofício de 30 de abril último enviou-me V. Ex.ª para informar, de ordem de S. Ex.ª o Sr. Ministro do Reino, um requerimento que o Sr. J. Júlio Rodrigues, em nome da indústria que representa, da moralidade pública e da tutela que o Governo de Sua Majestade exerce sobre todos os interesses nacionais, pede que se estabeleça, pelos meios legais, que a Imprensa Nacional de Lisboa admita para consumo a tinta portuguesa de imprensa sob as seguintes condições:
1.ª Serem os preços sempre em igualdade de qualidade, inferiores em 5 por cento aos preços da tinta estrangeira.
2.ª Ser exclusivo da Imprensa Nacional o consumo da tinta portuguesa sempre que ele satisfaça em preço e qualidade.
3.ª Aceitar o fornecedor liquidações semestrais, substituindo todas as tintas que não satisfizerem logo que disso seja dado aviso.
Para justificar ou reforçar o seu pedido, o Sr. José Júlio Rodrigues dá como referência da qualidade dos seus produtos quase todas as tipografias do reino e uma multidão de jornais e impressos com tinta nacional, sem a menor reclamação ou prejuízo para as empresas respetivas.
[…]
Entendi, porém, que devia proceder a várias indagações, e por isso tive de demorar, além do que era para desejar, esta informação, o que aliás, serviu de pretexto ao abalizado professor da Escola Politécnica e não menos distinto jornalista, para no Interesse Público, folha de que foi fundador e é redator em chefe, saindo dos limites que aconselha a cortesia e a polidez, lançar pregão de falsas notícias, agredindo-me tão cruel como injustamente. […]
Rogando, pois, a V. Ex.ª se digne fazer presente a S. Ex.ª o Sr. Ministro do Reino o teor do meu aludido ofício-relatório, peço licença para acrescentar algumas considerações em ordem a habilitar S. Ex.ª o Sr. José Luciano de Castro a resolver de vez uma questão tão desagradável […].
Com o assentimento do governo de S.M., a Imprensa Nacional fornece-se de tintas de impressão da casa francesa dos Srs. Lorilleux & C.ª de Paris. Importa dizer que a fábrica de Lorilleux, fundada em 1818, e que hoje pertence a uma sociedade com o capital de 2 milhões de francos, é uma das maiores e mais importantes do mundo […].
Nunca a Imprensa Nacional de Lisboa teve de fazer a menor reclamação por falta de qualquer das cláusulas desse compromisso, que, todavia, não foi reduzido a contrato escrito […].
É lícito, sequer, admitir que o Sr. José Júlio Rodrigues possa oferecer, e menos garantir, com inteira segurança, condições semelhantemente vantajosas para este estabelecimento, e por consequência, para o Estado? […]»