Ficha
«Caixa de Socorros da Imprensa Nacional — Illmo e exmo sr. — O conselho administrativo da caixa de socorros da Imprensa Nacional, logo que em Lisboa se manifestou a febre amarela, preparou-se como lhe cumpria para resistir ao flagelo, habilitando-se a acudir com a prontidão necessária aos sócios que porventura fossem atacados. Graças porém às excelentes condições higiénicas deste vasto estabelecimento, à sua boa exposição e às judiciosas providências tomadas pela administração, a Imprensa Nacional de Lisboa sofreu muito pouco relativamente a outros estabelecimentos públicos, e a sua caixa de socorros pôde atravessar a tremenda crise sem grande abalo, dispensados estranhos auxílios. É a passa a tormenta, já mais alegres horizontes sorriem à nossa pátria, e todos os esforços devem agora dirigir-se a sarar as feridas que tão vivo sangram, causadas pelo cruel açoite. A este fim tendem os espantosos rasgos da caridade que as folhas periódicas constantemente estão registrando; e os sócios da caixa de socorros da Imprensa Nacional, desejando também dar uma demonstração de que são reconhecidos ao favor da Providência, à qual aprouve preservá-los, para assim dizer, no meio da geral conflagração, resolveram espontaneamente, para valer às infelizes vítimas da epidemia, quotizar-se em seus ténues vencimentos e salários. Este pensamento foi abraçado com fervor, e o conselho administrativo encarregado de dirigir a respetiva subscrição. Em resultado desta honrosa incumbência tomámos a liberdade de enviar a vossa ex.ª a quantia de 100$000 reis. Desejariam os empregados e operários da Imprensa Nacional, que aquela pequena quantia fosse entregue aos asilos onde vão ser recebidos e educados os filhos de tantos cidadãos beneméritos que sucumbiram ao flagelo; v. ex.ª todavia dará àquela soma o destino que julgar conveniente, na certeza de que todos os subscritores têm a mais plena confiança de que o que v. ex.ª determinar será o mais acertado e humanitário.
Deus guarde a v. ex.ª — Lisboa e sala das sessões do conselho administrativo da caixa de socorros da Imprensa Nacional, 7 de Janeiro de 1858 — Illmo e exmo sr. António Rodrigues Sampaio, digníssimo presidente do Centro Promotor dos Melhoramentos das classes laboriosas. — O presidente, Luiz Mascarenhas de Mattos e Lemos — o tesoureiro, Joaquim José das Neves — os vogais, José Carlos de Freitas Sampaio, Izidoro Sotero César, João Francisco Saraiva, Francisco António Correia Tavares d’Abranches, Benedito António da Silva — os secretários, Augusto César Pereira da Cunha, Francisco de Paula Rodrigues.»