Ficha
«Atingiu, como se esperava, uma excecional imponência a inauguração da exposição de artes gráficas, ontem realizada na Imprensa Nacional, com a assistência do seu presidente de honra, o Sr. Presidente da República.
O importante estabelecimento, em cujas salas se amontoam agora, expostas à admiração do público, tantas e tão variadas demonstrações da arte portuguesa, apareceu de manhã festivamente engalanado com bandeiras de diversas nações. Lá dentro, desde o átrio do novo corpo do edifício, que deita para a rua da Escola Politécnica, até à grande sala das oficinas de impressão, onde se realizou a sessão solene, havia uma profusão enorme de bandeiras nacionais e vasos com plantas, na colocação e artística disposição das quais se ocupou durante horas de trabalho árduo o pessoal das oficinas da Imprensa, sempre inexcedível no brio com que, em casos destes, franqueia a sua casa aos visitantes.
[…] Às 14 horas, hora indicada para o início da festa, aglomeravam-se à volta da imprensa grande quantidade de populares, uns empenhados em conseguir ingresso no edifício, outros movidos apenas pelo interesse de ver e saudar o chefe do Estado à sua chegada. O grande pátio de entrada enchera-se por completo e lá dentro, na sala preparada para a sessão solene, já muitos convidados, especialmente senhoras, ocupavam algumas das numerosas filas de cadeiras, colocadas a toda a extensão da oficina, entre as duas alas de possantes Marinonis. Ao fundo da sala, sobre um estrado, erguia-se a mesa presidencial, tendo por detrás o busto de Gutenberg, espreitando por entre largas franjas de seda vermelha e verde, artisticamente combinadas com a bandeira nacional. Por cima um elegante dossel forrado de veludo carmesim e à direita, sobre uma alta coluna, o busto da República em mármore. […]
Pouco depois […] o Sr. Luís Derouet, acudindo aos desejos dos visitantes, mandou-lhes franquear as salas da exposição, o que a todos proporcionou agradabilíssimos momentos de sensações artísticas.»