Reportagem de O Século sobre a Exposição das Artes Gráficas.

  • Referência
    «Artes Gráficas — A Exposição vista de relance — Impressiona pela sua grandeza, honrado de uma maneira notável o trabalho e a indústria nacionais», O Século, n.º 11 427, de 1 de outubro de 1913, p. 1.
Assunto

Reportagem de O Século sobre a Exposição Nacional das Artes Gráficas, promovida pela Imprensa Nacional.

Ficha

«A exposição que amanhã se inaugura no edifício da Imprensa Nacional vai constituir, sem dúvida, um grande acontecimento artístico. A simples enunciação dos expositores que a ela concorrem, significando uma prova do grande interesse que essa louvável iniciativa despertou, já nos deixara prever que o certame devia atingir notável importância, quando mais não fosse pela abundância e variedade de produtos expostos. Mas percorrendo, ainda que de fugida, como nós ontem o fizemos, as quatro ou cinco grandes salas em que os artigos se encontram em bizarra profusão, tem-se a grata surpresa de encontrar ali a demonstração evidente de que as artes gráficas portuguesas se impõem não apenas pela quantidade, mas também, e notavelmente, pelo seu aperfeiçoamento e progresso.
A exposição, tal como nós ontem a vimos, por entre as barafundas das últimas instalações, dá-nos, logo ao primeiro relance, uma impressão de grandeza. Há ali, decerto, muito lixo, que nenhum direito teria a figurar na exposição, se cá houvesse, como lá fora, nas grandes exposições, um júri de admissão. Mas pondo de parte esse pequeno senão, que apenas tem os inconvenientes de ocupar inutilmente espaço, ainda ficam para deslumbrar durante algumas horas os olhos dos visitantes infinitas e autênticas maravilhas, que altamente honram a nossa arte e os nossos artistas.
Entre os melhores trabalhos da exposição ocupam importante lugar os de litografia — precisamente o género que nós estamos habituados a ver mais maltrato nessa multidão de cartazes que cobrem as esquinas, de Lisboa. […]»