Ficha
«A visita do Sr. Ministro do Interior à Imprensa Nacional efetuou-se às 15.30h.
Acompanhavam o Sr. Dr. Mario Pais de Sousa, os Srs. Dr. Martinho Simões, secretário geral do Ministério do Interior e tenente Paulo Afonso, secretário particular e aguardavam-no o diretor da Imprensa Nacional, Sr. António Gomes Bebiano, Carlos Amoedo, inspetor e Vicente de Sousa, secretário deste importante estabelecimento do Estado, e engenheiro Carlos Garcia Alves e Dr. Trancoso, da Associação Industrial Portuguesa, promotora da Semana do Trabalho.
Trocados cumprimentos e feitas apresentações, o Sr. Ministro do Interior encetou a sua visita às dependências da Imprensa Nacional pelos escritórios e oficinas da composição, de brochura, e da litografia ao pavimento superior, descendo depois à escola de compositores, onde uma linotype numa sala anexa funcionava com rapidez notável, e a da gravura, com boas máquinas e aparelhos, e já no rés-do-chão, à fundição de tipo e à estereotipia, em que assistiu à rápida estereotipagem duma folha em 4º pequeno, prestando-lhe sempre o diretor as necessárias informações.
Do armazém de tipo no pavimento inferior, na cave, o Sr. Ministro do Interior passou através da rua, à Cantina do pessoal.
Voltando acima, o ilustre membro do Governo visitou a central elétrica admirando o seu funcionamento, aparelhos e boa instalação e cumprimentando e elogiando o respetivo chefe, como semelhantemente já fizera com as outras secções que lhe mereceram aprovação.
Nas oficinas de impressão observou as rotativas e foi-lhe chamada a atenção para algumas máquinas do largo número das instaladas, designadamente para uma moderníssima Polly, muito rápida, que imprime 3600 exemplares por hora, e na carpintaria viu a funcionar algumas máquinas.
Passando ao armazém do papel, atulhado de resmas, notou o grande fornecimento da Imprensa Nacional.
E foi-lhe explicado: todo o papel é nacional.
… Se temos papéis nacionais — acrescentou o diretor — tão bons como os estrangeiros!… Aqui não entra uma folha estrangeira, tudo é nacional.
Na grande sala de expedição e fabrico de sobrescritos com máquinas manuais e a eletricidade houve também certa demora para informação do movimento, etc.
Depois: o refeitório, o balneário, a serralharia e o posto médico. As horas iam passando e o ministro visitou-os mais rapidamente.
Por fim foi a visita à Biblioteca que contém alguns milhares de volumes — grandes edições de luxo, e outros bons exemplares, uma preciosa Camoniana, etc. — e se salientam as esplêndidas encadernações feitas na Imprensa Nacional.
O bibliotecário Sr. José Maria Gonçalves, velho funcionário, conhecedor de edições e de obras, mostrou ao Sr. Ministro do Interior um incunábulo de 1470, já sem frontispício, mas interessantíssimo.
Algumas encadernações chamaram a atenção do Sr. Dr. Pais de Sousa que as examinou.
As excelentes impressões do ministro acentuaram-se e por isso de boamente se prestou a escrevê-las no livro de honra.
O acaso não nos permitiu pedir licença para as copiar, de resto o repórter conseguiu ouvir as boas impressões do ministro.
‘Estou encantado com a Imprensa Nacional — dizia o ilustre titular da pasta do Interior, enquanto o diretor ia buscar um exemplar da última edição dos Lusíadas para lhe oferecer.’
E ao despedir-se do diretor teve estas significativas palavras:
‘Tenho muito prazer em o conhecer e ver que está bem aqui.’
Depois despediu-se do restante pessoal superior, manifestando-lhe o seu agrado e dos diretores da Associação Industrial Portuguesa.»