Ficha

«Ontem, logo que se restabeleceu a República em Portugal, um grupo de amigos de Luís Derouet manifestou ao nosso camarada a sua simpatia, levando-o à Imprensa Nacional para reocupar o posto para que o governo provisório o nomeou logo que assumiu as responsabilidades de governo. Luís Derouet foi activamente procurado para esse fim e logo que o encontraram os amigos forçaram-no a segui-los. O nosso colega, que durante o trajecto foi muito cumprimentado e aclamado, ao entrar na Imprensa foi entusiasticamente ovacionado pelo pessoal, que correu a cumprimentá-lo, manifestando o seu regozijo por novamente o ter como chefe. Uma vez no gabinete da direcção geral, o nosso amigo sr. dr. Daniel Rodrigues, em frente de muitas pessoas e do director geral agora exonerado, felicitou-se por poder dar posse, em nome do povo, do funcionário que fora violentamente esbulhado do lugar a que tinha jus. O que ali se lhe faz é apenas justiça, justiça como a República deve aos seus funcionários que a honram. Usa em seguida da palavra o nosso colega Luís Derouet, que descreve a forma como dali foi tirado sem a mais ligeira justificação. E não julgue o director que sai que conserva dele desagradáveis impressões; não, é a primeira vez que o vê. De resto, o culpado da perseguição de que foi vítima não foi ele. O nosso colega Gregório Fernandes abraçou em Luís Derouet o amigo e companheiro leal. Todos esses discursos foram entrecortados de aplausos, sendo o nosso colega muito felicitado ao despedir-se.»