Ficha

«Extraordinário tem sido o movimento, nestes últimos dias, na Imprensa Nacional de Lisboa. São os últimos preparativos para o grande certame nacional das artes gráficas, que na próxima quinta-feira se inaugura, em sessão solene, sob a presidência do sr. Presidente da República. As salas já se encontram artisticamente ornamentadas, vendo-se a representação brilhante dos mais importantes estabelecimentos gráficos do país. A disposição em que tudo se encontra, como pudemos verificar numa rápida visita, é a mais perfeita possível, dadas as dificuldades com que a comissão organizadora teve de lutar. Todos os encargos do certame, que vai, sem dúvida, constituir uma brilhante parada de forças, se têm podido satisfazer com a exígua verba de 500 escudos, que o Parlamento votou por proposta do ilustre ministro do interior. E assim, apenas com muito boa vontade e muito desejo de trabalhar, a comissão organizadora pôde conseguir ver realizado o seu desideratum, promovendo uma Exposição que, longe de nos envergonhar, coloca o nosso país, sob o ponto de vista gráfico, a par de muitos países estrangeiros. Há trabalhos de variadíssima natureza, que honram sobremaneira os artistas portugueses. De lamentar é que a comissão não pudesse dispor de mais recursos e de mais pessoal, porque muito trabalho se poupava, dispensando-se a fatigante labuta destes últimos dias, em que, dia e noite, se tem procedido à catalogação de numerosíssimos produtos, a fim de que os visitantes possam observar devidamente todas as salas e apreciar os magníficos trabalhos expostos. A comissão organizadora diligenciou sempre juntar, em lugares próximos, os trabalhos de cada expositor, mas, para não prejudicar a estética das salas, foi por vezes necessário separá-los, o que de forma alguma representa menos atenção para com os artistas que ao certame emprestam o seu valioso auxílio. O Século e a Companhia do Papel do Prado devem concluir hoje de manhã as suas artísticas instalações, tendo estado ontem, no edifício da Imprensa Nacional, a dar-lhes os últimos retoques, o distinto cenógrafo Eduardo Reis, encarregado das respectivas ornamentações. Como noticiámos, na última reunião da comissão organizadora, resolveu-se nos dias 2, 9 e 16 a Exposição funcione à noite, com entradas pagas, revertendo o produto a favor da Associação Tipográfica, do Asilo António Feliciano de Castilho e da Albergaria de Lisboa. Todos os expositores têm entrada franca no recinto do certame, no dia da inauguração da exposição […]
No dia 12 próximo realizar-se-á no Jardim Zoológico um festival de homenagem aos promotores e concorrentes da exposição Nacional de Artes Gráficas. Haverá grande concerto musical, de cujo programa fará parte um número emocionante: A Batalha de los Castilegos, pelo exército espanhol na Guerra de África, que tanta sensação causou, quando, há meses, foi executado, pela primeira vez, no Jardim.»