Ficha

«Por 287 votos contra 56, o pessoal operário da Imprensa Nacional, reunido ontem, votou a continuação da ‘greve’, e fez distribuir uma proclamação em que mostra o seu desejo de não abandonar o edifício, procurando em seguida o diretor-geral, a quem deu conhecimento da seguinte moção, aprovada também na mesma reunião:
O pessoal da Imprensa Nacional de Lisboa, reunido em assembleia geral, depois de ter paralisado o trabalho, devido a não terem sido ainda atendidas as suas reclamações, e depois de ouvir a comissão que se avistou com o Presidente do Ministério, resolve:
1.º Ratificar toda a confiança à comissão;
2.º Manter o movimento iniciado, até que sejam satisfeitas as suas reclamações;
3.º Dar plenos poderes aos delegados para nomearem o comité que há de dirigir o movimento;
4.º O pessoal segue as indicações desse comité, e consequentemente retomará o trabalho só quando lhe o notificarem.
O diretor-geral foi comunicar ao Sr. Presidente do Ministério a atitude e as resoluções tomadas. Retirou em seguida, e foi da parte do Governo convidar os grevistas a que abandonassem o edifício.
Estes, não sem algumas hesitações saíram, sendo aquele estabelecimento ocupado por forças de cavalaria e infantaria da guarda republicana, tendo os operários resolvido não voltar ao trabalho sem que a ‘greve’ seja inteiramente solucionada.»