Ficha

«O Specimen da fundição dos tipos da Imprensa Nacional é o documento mais insuspeito dos progressos que este estabelecimento fez nos últimos tempos, porque fala mais alto que todos os relatórios que se tem feito dos melhoramentos realizados nesta casa, que todas as opiniões das pessoas que a têm visitado; tudo isto pode ser suspeito para os invejosos e ciumentos, mesmo para os indiferentes, e para aqueles que em países estrangeiros não se julgariam dispensados de ir visitar qualquer tipografia das mais ordinárias, onde ficariam extasiados diante de uma máquina de velho e ronceiro sistema, numa oficina abafadiça, escura, nojenta, e em má ordem, de que viria dizendo maravilhas; e que no seu país passam todos os dias indiferentes e desdenhosos pela porta da Imprensa Nacional, sem que a curiosidade os leve ao menos a ver se o estabelecimento merece os louvores da imprensa e a classificação do primeiro no seu género dentro do país; mas que estão sempre prontos a deprimir e a criticar, porque entra em bom tom isso. O Specimen, sim, esse é insuspeito, e abrindo-o e folheando-o, e entendendo-o, prova os grandes recursos do estabelecimento que o publicou, as habilitações o mérito dos seus artistas e um progresso que se não pode negar, e que ninguém se atreverá a desmentir.
É esta a opinião que as pessoas imparciais e competentes formam do Specimen, dentro e fora do país.
No Brasil foi ele muito bem recebido pelos tipógrafos que em cartas dirigidas à administração da Imprensa Nacional se exprimem nos termos mais lisonjeiros para este estabelecimento e para o país.
A Associação Tipográfica Pernambucana deliberou em assembleia geral dirigir à administração da Imprensa Nacional um ofício felicitando-a pela publicação do seu Specimen. Neste importante documento exprime aquela benemérita associação da maneira mais satisfatória a sua opinião sobre um trabalho que, servindo-nos das suas palavras, — honra sobremaneira o estabelecimento em que foi feito, e que sem dúvida parece ter chegado ao apogeu do aperfeiçoamento —.
Isto dizem os estranhos, em que as reservas e rivalidades sobre as coisas portuguesas seriam até certo ponto justificadas. As cenas mudaram-se: os ciúmes e rivalidades mesquinhas, a indiferença acintosa, tudo isto partiu de alguns dos nossos conterrâneos, infelizmente.
Registamos estes factos, cuja apreciação deixamos a outros, abstendo-nos de considerações que nos poderiam levar mais longe do que foi nossa intenção. — J. M. Velloso»