«[…] Em primeiro lugar espero se me não estranhe que eu manifeste o meu profundo desgosto por ver que o Governo de S. Majestade, que sustenta e tem sempre protegido a Imprensa Nacional no interesse das artes gráficas e no da fazendo também, reconhecendo assim os seus bons serviços e utilidade, não só consente que em muitas repartições públicas se recorra à indústria particular para a execução de trabalhos que deviam aqui ser feitos, mas até manda fornecer tipos e outro material para se compor uma estatística, que pode mui bem ser composta e impressa na Imprensa Nacional com inegável superioridade técnica, não menor celeridade e nas condições desejadas.
Pondo, porém, de parte esta consideração, que é aliás de grande momento e melindre, consinta-me V. Ex.ª, que eu pondere com isenção e franqueza, que sendo de certo o intuito do Sr. Ministro da Fazenda, que a Estatística da Alfândega do Porto se publique com rapidez e economia, o meio que se buscou para conseguir semelhante resultado não é o mais adequado.
Nenhuma oficina particular dispõe, como é óbvio, dos recursos de pessoal e material, que possui a Imprensa Nacional, e, portanto, não é crível , que a Estatística aludida possa fazer-se naquela cidade com tanta ou maior brevidade, que no estabelecimento do Estado, desde que se reconheça a conveniência de a fazer sair à luz com um determinado prazo. O preço dos trabalhos na Imprensa Nacional, como a experiência tem demonstrado por vezes, não é exagerado, apesar dos salários dos artistas e operários serem muito mais elevados, em relação às explorações particulares.  […]»