«Pedi verbalmente ao signatário desta comunicação informações complementares e por ele me foi exposto o seguinte:
A catalogação das obras está atrasada, o que já vem de longe e teve como causa principal o largo período, anos seguidos, em que a biblioteca não funcionou por motivo de reconstrução do edifício da Imprensa Nacional. Porém esse atraso tem-se agravado ultimamente pela muita maior [sic] afluência de leitores – de 3 117 em 1934 passaram a 5360 em 1936 e desde 2 de janeiro e até hoje contam-se 1400 – e pela dificuldade, proveniente da deficiência dos catálogos, de encontrar os livros requisitados pelos leitores, o que tudo traduz perda de tempo. Para adiantar quanto possível esses trabalhos, encarregou de alguns dos serviços mais elementares da catalogação o assalariado Mário Vieira, que transitou do Ministério da Agricultura com a categoria de escriturário, mas nestes últimos dias, indo compulsar o que esse empregado tem feito, chegou à conclusão de que não possui condições para prosseguir no desempenho de tal incumbência. Desta forma o Sr. Alberto de Freitas fica sozinho com os trabalhos de catalogação, que só por si não pode executar, visto estar todo o dia a atender os leitores, a dar-lhes explicações, sobretudo acerca da maneira como hão de fazer pesquisas no Diário do Governo e ainda por ter de orientar o serviço dos índices do Diário do Governo e da Coleção de Legislação.
A tudo isso que fica resumidamente exposto acrescentou o Sr. Alberto de Freitas encontrar-se bastante doente […] possivelmente manifestações de intoxicação saturnina, consequência da sua permanência durante bastantes anos na oficina tipográfica, quer em contacto direto com o tipo, quer respirando uma atmosfera insalubre […].»