Epidemia de febre amarela.

  • Referência
    P., «Situação das associações», A Federação. Folha Industrial dedicada às classes operarias, n.º 5, de 31 de outubro de 1857, p. 2.
Assunto

Consequências da febre amarela nas associações operárias.

Ficha

«O procedimento das associações operárias tem sido digno de todo o elogio.
As respetivas direções tomaram, na situação angustiosa em que nos achámos, as providências que estavam ao seu alcance, para que os sócios, quando atacados da febre reinante, fossem pronta e eficazmente socorridos; e de feito consta-nos que tanto os funcionários daquelas associações, como os seus inteligentes facultativos, têm desenvolvido o mais louvável zelo no desempenho dos importantíssimos deveres a seu cargo.
São factos estes que folgámos de mencionar, e que honram altamente aqueles corpos populares.
É força porém confessar que a posição das associações operárias é, na atualidade, mui embaraçosa e difícil; porque, infelizmente, bastantes dos seus membros têm sido feridos do terrível flagelo; os fundos de socorros, em algumas, acham‑se esgotados, ou prestes a exaurir-se, tendo talvez de recorrer aos fundos de reserva, ou aos que estão destinados a outra e determinada aplicação.
Hoje é pois a febre amarela que põe deste modo em perigo a existência e futuro de tão prestantes sociedades, e ninguém pode segurar-nos que amanhã não virá outra eventualidade da mesma maneira ameaçá-las.
Aprendam os operários nesta severa lição a ser mais previdentes; as associações, no estado atual, acham-se constantemente num iminente perigo; e esta e outras circunstâncias cada vez tornam mais palpável a necessidade da federação, de reunir em um só todos os cofres, e de promover por todos os meios e com energia e tenacidade o alistamento do maior número de obreiros nos seus competentes grémios.
Há em Lisboa muitos artistas de todas as classes, talvez dez a doze mil; e se ao menos a maioria deles fosse associada, se estivessem administrativa e economicamente unidos pela federação, temos a convicção profunda de que os recursos superabundariam, e não haveria a recear crises semelhantes. […]»