Ficha
«’É muito grande a diferença entre o que Fernando Pessoa deixou escrito e as edições existentes, em particular no que toca à poesia.’
A afirmação é de Ivo Castro, o catedrático a quem Teresa Patrício Gouveia confiou a missão de promover a edição crítica da totalidade da obra pessoana. Ao assumi-lo, a especialista lança um convite perturbador aos leitores, sugerindo-lhes que esqueçam os versos que sabiam de cor. As modificações — profundas — revelarão um outro Pessoa.
A convicção de que o Fernando Pessoa revelado pelos textos publicados postumamente não será o verdadeiro Fernando Pessoa é o ponto de partida do grupo de investigadores da Faculdade de Letras de Lisboa, dirigidos pelo professor Ivo Castro, a quem a Secretária de Estado da Cultura confiou a tarefa de promover a edição crítica da obra do poeta. Posto em causa o rigor com que foram publicados os textos literários, promove-se um regresso ao exame minucioso, quase laboratorial, das fontes materiais, capaz de eliminar todas as impurezas. […]
Os investigadores trabalharão na dependência da Secretaria de Estado da Cultura e contarão com o apoio da Biblioteca Nacional e do Instituto Português do Livro e da Leitura. A sua produção será publicada pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda, sob a forma de duas coleções: uma intitulada ‘Estudos sobre o Espólio Pessoano’, será constituída pelos instrumentos de trabalho já produzido e a produzir. ‘Edição da Obra Completa de Fernando Pessoa’, propriamente dita, surgirá dividida em duas séries: a Série Maior, que abrangerá as chamadas ‘edições genético-críticas’, anotadas, precedidas de breves introduções filológicas e sem estudos interpretativos; e a Série Menor, destinada ao leitor comum, com texto crítico não anotado, mas precedido de ensaio interpretativo. A obra poética, que representa um terço do espólio, surgirá primeiro. […]»