Criação da Associação de Classe da Imprensa Nacional.

  • Referência
    «A Associação de Classe da Imprensa Nacional», A Imprensa. Boletim mensal da Associação de Classe do Pessoal da Imprensa Nacional, n.º 1, março de 1915, 1.º ano, p. 1.
Assunto

Criação da Associação de Classe da Imprensa Nacional, para defesa dos interesses do operariado.

Ficha

«Quando há 4 ou 5 anos Eduardo de Abreu, aquela desaparecida figura de idealista e visionário, propôs a criação de uma Comissão de Melhoramentos, com a cota de dez reis semanais, talvez que ele, no seu íntimo, preparasse o alicerce de uma Associação forte, que um dia houvesse de se afirmar com nobreza e largueza de vistas, aqui dentro da Imprensa. Mas não. A Comissão de melhoramentos, a que alguns poucos espíritos se ligaram com fé, cansou esses mesmos espíritos, depois de uma luta desigual e inglória, e deixou para lhe elevar a racional tentativa a Associação de Classe do pessoal da Imprensa. Em 1914 esta Associação mostrou que vivia apenas para, meses depois, se poder dar pelo seu desaparecimento. […]»
«Pois vamos nós agora inventar, como Eduardo de Abreu, uma Associação dentro da Imprensa, e vamos, sobretudo, para o conseguirmos, estabelecer uma base moral e educativa solidamente firmada, base superior e mais eficaz de que todos os fundos económicos e de que todas as medidas indispensáveis de receita.»
«A Associação cabe logicamente dentro das disposições regulamentares que vigoram; ela pretenderá solucionar, pelo comum acordo entre a Direção e o pessoal, problemas urgentes que reclamam muita atenção e critério; ela serve ainda para aproximar os indivíduos que apenas pelas suas categorias diferentes de ocasião, se afastam mutuamente, iludindo a solidariedade operária, que nem por ser um rebatido lugar comum deixe de se mostrar a base primordial de todas as melhorias e de todas as tranquilidades.»
«A nosso ver, a heterogeneidade da educação dentro [do] Estabelecimento e a desligação dos espíritos têm constituído todo o mal. O alheamento da maioria não é motivo suficiente a explicar tamanho desinteresse e tamanho abatimento. Tentemos pois a bem comum, com pertinácia e calma, ligando os espíritos nesta intenção, acordando a indiferença de muitos […] firmar a confiança mútua e então a Associação viverá […].»