A Imprensa Nacional na Exposição do Porto.

  • Referência
    «Os produtos tipográficos portugueses na exposição de 1865», A Federação. Folha Industrial dedicada às classes operarias, n.º 33, de 23 de setembro de 1865, p. 130.
Assunto

Produtos tipográficos apresentados na Exposição do Porto e participação da Imprensa Nacional.

Ficha

«Acha-se instalado o grandioso festim da civilização e do progresso.
Os homens ativos, os que se entregam ao trabalho, os que entendem que só pelo desenvolvimento das indústrias é que as nações e os indivíduos se hão de enriquecer, ali figuram com os seus produtos, ou com os objetos produzidos nos estabelecimentos confiados à sua direção e guarda.
Entre as multíplices indústrias representadas na exposição internacional — nesse novo cometimento, que marca à muito leal cidade do Porto mais uma época memorável na história de seus feitos ilustres — era impossível deixar de ter cabida a poderosa indústria tipográfica.
A imprensa não podia ‘mestre de exemplos, recusar o exemplo’.
E neste exemplo se quis constituir a Imprensa Nacional de Lisboa. exibindo também naquele vasto e magnífico concurso industrial os artefactos da sua laboração constante em mais de um mister, e em todos e sempre com o fito de corresponder aos úteis fins para que foi criada.
[…]
I — Imprensa Nacional
[…]
Também pareceu à administração que seria não compreender claramente os fins e alcance da exposição internacional portuguesa, se porventura se limitasse a apresentar trabalhos feitos expressamente, e acabados com maior esmero: a exposição da Imprensa Nacional foi pois coordenada sob diverso ponto de vista; é por isso que, a par de livros e impressos que podem considerar-se de grande luz, figuram algumas modestas obras destinadas ao ensino popular, e outras para expediente e serviço dos ministérios e repartições públicas, que de ordinário são sempre executadas com a máxima urgência, mas em que, apesar disso, não se infringiram as regras impreteríveis da arte.
Pende ainda de decisão final o pleito entre a impressão mecânica e a impressão por prelo manual. Não vem longe, talvez, o dia em que todas as impressões tipográficas se hão de fazer mecanicamente: não falta porém, ainda, mormente entre nós, quem, sem negar absolutamente a imensa superioridade do prelo mecânico enquanto a rapidez do trabalho negue com obstinação a possibilidade até de se obterem em tais prelos a nitidez e certeza de registo que dá o prelo manual. Na exposição da Imprensa Nacional encontram-se suficientes specimens de impressões executadas por um e outro sistema, por onde se poderá conhecer que as nossas edições feitas em prelo mecânico pouco deixam a desejar, se é que não satisfazem inteiramente os mais escrupulosos. E como excelente modelo, no género deve necessariamente chamar a atenção do Missal romano, novíssima edição ainda em andamento, impressa na máquina, para tiragem simultânea a duas cores, de mui recente invenção do inteligente fabricante de Paris, M. Dutartre. […]»