O ensino profissional foi transversal à história da Imprensa Nacional, estando na origem da sua capacidade técnica e artística.
Embora já funcionasse anteriormente, este ensino foi formalizado em 1845 com a criação da escola especial de composição tipográfica. A escola foi então instalada em espaço próprio e entregue à responsabilidade de um único mestre, cujos aprendizes, com idades compreendidas entre os 12 e os 15 anos, deveriam saber ler, escrever, contar e conhecer a gramática elementar.
Aprendizes de composição manual [1912-1927].
A estruturação da escola da Imprensa Nacional veio assim assegurar a continuidade do rigor técnico da sua produção gráfica, funcionando até ao final da década de 1970, altura em que o progressivo abandono da composição manual ditou o seu encerramento e o início do processo de reconversão profissional para adaptação às transformações tecnológicas mais recentes. Entre os intervenientes neste processo, esteve Benjamim Godinho*, que entrou para a Imprensa como aprendiz em 2 de dezembro de 1966, assumindo, alguns anos mais tarde, funções de mestre.
Diário Popular, de 23 de fevereiro de 1973, p. 4.
Desses tempos como responsável da escola, cujo último curso se iniciou em 1975, Benjamim Godinho recorda a execução de obras com características diferenciadas como os volumes da Etnografia Portuguesa, da Monarquia Lusitana e da revista científica Euphrosyne, de grande utilidade técnico-didática na evolução dos aprendizes, bem como a preparação de cadernos profissionais de apoio técnico aos compositores. Entre os principais desafios desta década, recorda ainda, esteve a adaptação dos compositores manuais e mecânicos aos novos processos de fotocomposição e fotomontagem, permitindo a sua requalificação. Afinal, em vez do temido desemprego, os compositores manuais foram sendo formados e encaminhados para outras áreas, adaptando-se à modernização da empresa.**
*Recolha de entrevista em 18 de janeiro de 2018.
** Texto adaptado de: QUEIROZ, Maria Inês; JOSÉ, Inês; FERREIRA, Diogo, Indústria, Arte e Letras. 250 Anos da Imprensa Nacional, Lisboa, Imprensa Nacional, 2019.