Graças à qualidade, quantidade e originalidade da sua obra poética, Herberto Helder é universalmente reconhecido como um dos grandes poetas portugueses do século XX. A sua lírica, quase compulsiva, é por vezes considerada difícil e hermética, onde a tormenta e o sonho coexistem.
Herberto Helder construiu o seu percurso à margem de movimentos ou escolas e somente para simplificar poderíamos escrever que a sua obra se situa entre o surrealismo e a poesia experimental.
Herberto Helder também escreveu em prosa. Os Passos em Volta , de 1963, é a sua primeira obra narrativa. Em certa medida, o poeta madeirense deve parte da sua notoriedade a este livro, que se configura como um livro de contos, prosas curtas, onde um homem tenta descobrir o sentido da sua existência, sem encontrar respostas paradigmáticas.
Passos em Volta afigura-se também como um livro emblemático da segunda metade do século XX, por se tratar de uma «prosa diferente que o meio literário português não tinha», como afirmaria Luís Mourão.
Desenhos em Volta de Os Passos de Herberto Helder, de Mariana Viana (1970) — coordenadora do mestrado de ilustração artística do ISEC e da Universidade de Évora —, toma precisamente como ponto de partida esta obra de Herberto Helder, propondo ao leitor um livro ilustrado e remetendo-o para o universo onírico herbertiano. E Mariana Viana fá-lo através de complexas ilustrações, ilustrações estas que estiveram na base da sua tese de doutoramento: «Os Passos em Volta de Herberto Helder: A Ilustração enquanto Arte Onírica» (Universidade de Évora, 2012).
Desenhos em Volta de Os Passos de Herberto Helder está agora publicado pela Imprensa Nacional em parceria com a editora Abysmo, de João Paulo Cotrim, que é também uma galeria de arte, onde, aliás, os desenhos de Mariana Viana estiveram expostos, numa exposição com homónima, aquando da 5.ª edição do Bairro das Artes— A Rentrée Cultural da Sétima Colina, em 2014.
Desenhos em Volta de Os Passos de Herberto Helder conta ainda com posfácio de Diana Pimentel, onde se pode ler:
«(…) A obra de Mariana Viana opera em contramão com Os Passos em Volta, por recusa da correlação estrita e linear entre os desenhos em volta com cada um dos textos herbertianos que lhe dão origem, por dissolução da matéria narrativa, que, na sua reescrita, prescinde de cópia. Os “caracteres gráficos”, a escrita, comparecem por “rememoração”, em gesto de transcrição fragmentária que intensamente dissolve – ou transporta para a memória – os textos herbertianos. (…)»
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