O alvará régio de 24 de dezembro de 1768 determinava a criação de uma Oficina Tipográfica que pudesse «fazer-se útil e respeitável pela perfeição dos carateres, e pela abundância e asseio das suas impressões». Nas duas centúrias e meia que desde então transcorreram e ao presente se rememoram, a Impressão Régia (“Imprensa Nacional” a partir de 1833) tem assumido, na sua indeclinável ligação ao Estado, a que por essência está afeta, papel incontornável na promoção das artes tipográficas e na definição de uma ação pública no domínio da cultura escrita. Associando caráter oficinal e vocação cultural e educativa, a Imprensa Nacional foi escola e fez escola no campo da tipografia, da gravura e das artes gráficas em geral, ensaiando e ensinando técnicas e timbrando a sua evolução, e assim cunhando gerações de artífices e mesmo até de artistas. Impressora-editora oficial, coube-lhe a difusão privilegiada de notícias e de saberes múltiplos, de que as obras literárias, clássicas ou não, se têm mais recentemente destacado.
Pretendendo assinalar os 250 anos da Imprensa Nacional, propõe-se este colóquio expressar a riqueza e complexidade do seu percurso, indagando a evolução das missões e realizações que cumpriu ao longo da sua história e, tomando a sua centralidade como pretexto, esboçar uma reflexão sobre os principais desafios que se colocam ao mundo editorial contemporâneo.
Na reflexão proposta, desenham-se cinco eixos principais:
Da história institucional de uma empresa do Estado: a transição da Impressão Régia para a Imprensa Nacional, usos e manipulações político-ideológicos, a relação indireta e complementar com o contexto colonial;
Do livro e da sua materialidade: o contributo da Imprensa Nacional para a história das técnicas e ofícios da tipografia, as diferentes conceções da materialidade do livro (do papel à edição eletrónica), a circulação transnacional dos saberes e das técnicas;
Do ofício à arte: a gravura, seu caráter criativo/artístico e seu(s) uso(s) no livro;
Do ensino e da formação profissional: o papel do Estado e da Imprensa Nacional no desenvolvimento da formação em artes gráficas nacionais;
Do livro, dos saberes e da leitura: as políticas editoriais, a ação educativa e científica, a receção e os modos de leitura.
Participação gratuita sujeita a inscrição:
IN250@autonoma.pt
Saiba mais em: https://autonoma.pt/coloquio-imprensa-nacional-250-de-historia-o-livro-os-saberes-e-o-estado-28-e-29-outubro-auditorio-1/
Programa
Dia 28 de novembro
9h30 – Abertura
10h00-10h45 – Conferência inaugural
“A Imprensa Nacional no contexto da reforma pedagógica setecentista”
Artur Anselmo | Professor jubilado da Universidade Nova de Lisboa, Ex-Presidente da Academia das Ciências de Lisboa
10h45-11h00 – café
11h00-13h00 – História institucional
Nuno Monteiro | ICS – Moderador
“Impressores nas origens da impressão régia: Miguel Manescal da Costa e Niccolò Pagliarini”
João Luís Lisboa | NOVA FCSH
“Entre poderes e saberes: a produção gráfica da Impressão Régia (1768-1800)”
Fernanda Guedes de Campos | CHAM – NOVA FCSH
Margarida Ortigão Ramos Paes Leme | INCM / IEM – NOVA FCSH
“A Impressão Régia na Crise do Antigo Regime: Coroa, autores e tensões políticas e sociais em Portugal e no Brasil”
Luiz Carlos Villalta | Universidade Federal de Minas Gerais
“Indústria, Arte e Letras. 250 anos da Imprensa Nacional”
Maria Inês Queiroz, IHC – NOVA FCSH / INCM
13h00-14h30 – Almoço
14h30-16h00 – Do ofício à arte I
Raquel Henriques da Silva | NOVA FCSH – Moderador
“Joaquim Carneiro da Silva. Da Aula da Impressão Régia ao plano da Academia Real de Belas Artes”
Miguel Figueira de Faria | UAL
“Os livros religiosos editados pela Impressão Régia e suas gravuras: produção, circulação e influências na América Portuguesa”
Camila Guimarães Santiago | Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
“Da Europa para Lisboa: uma reflexão sobre a atividade do gravador Francesco Bartolozzi ao serviço da Impressão Régia”
Alexandra Gomes Markl | MNAA
16h00-16h15 – café
16h15-17h15 – Do ofício à arte II
José Luís Cardoso | ICS – Moderação
“A oficina de António Rodrigues Galhardo nas origens da Imprensa Nacional”
Maria Teresa Payan Martins, CHAM | NOVA FCSH
“A Flora Fluminense de Frei Veloso e as publicações de botânica da Casa Literária do Arco do Cego: considerações sobre a imagem impressa”
Regiane Caire da Silva, Universidade Federal do Maranhão | UFMA
17h15 -18h00 – Conferência debate
Aline Hall de Beuvink | UAL – Moderador
“A edição de serviço público na Imprensa Nacional. Que futuro para a Imprensa Nacional?”
Duarte Azinheira | INCM
18h00 – 19h00 – Apresentação de Edições
“Frei Veloso e a Tipografia do Arco do Cego”
Org. Ermelinda Moutinho Pataca e Fernando José Luna | Edição da USP (Edusp)
“Indústria, Arte e Letras. 250 Anos da Imprensa Nacional”
Maria Inês Queiroz, Inês José e Diogo Ferreira, Edição da Imprensa Nacional
Casa da Moeda
Dia 29 de novembro
9h30-11h00 – Políticas do livro I
Diogo Ramada Curto | NOVA FCSH – Moderação
“Edições da Imprensa Nacional no estudo das colecções e dos museus portugueses do séc. XVIII”
João Brigola | CIDEHUS/Universidade de Évora
“A Livraria da Casa do Correio: Impressos do Arco do Cego na capitania do Maranhão”
Marcelo Cheche Galves, Universidade Estadual do Maranhão
“Política da Língua e Impressão Régia: gramáticas, ortografias e dicionários (1768-1800)”
Ana Cristina Araújo, Universidade de Coimbra
11h00 -11h30 – café
Poster
Primeiros passos da Imprensa no Brasil: De António Isidoro da Fonseca a Gazeta do Rio de Janeiro e Correio Braziliense
Nicoli Braga Macêdo e Sabrinne Cordeiro | UAL
11h30- 13h – Políticas do livro II
Duarte Freitas, UAL – Moderação
“Imprimir e publicar nas colónias: a Imprensa Nacional em Luanda e Macau”
Cátia Miriam Costa | CEI-IUL
“Edição, Estado e regime: fenomenologias na ditadura portuguesa”
Nuno Medeiros | IHC – NOVA FCSH / ESTeSL-IPL
13h-14h30 – Almoço
14h30-16h30 – Do livro e da sua materialidade
Paula Lopes | UAL – Moderação
“Série Ph. a edição de livros de fotografia na editora pública”
Cláudio Garrudo | INCM
“Os séculos de hoje, os livros de amanhã”
Rúben Dias | Escola Superior de Arte e Design de Matosinhos
“Jardins da Memória”
Jorge Silva | Designer de comunicação
“O Livro entre a materialidade e a virtualidade”
Dália Guerreiro | CIDEHUS – Universidade de Évora
16h30 -17h00 – café
Poster
Sofia Carrola | UAL
Ilustrar o saber: o que revela a imagem no livro?
17h-17h45 – Conferência de encerramento
“Les espaces du livre en France de 1640 à la Révolution”
Frédéric Barbier, CNRS / École Pratique des Hautes Études
17h45-18h00 – Sessão de encerramento