Parte muito significativa da obra pessoana pauta-se pelos seus outros-de-si, que são os heterónimos. Com eles, Pessoa quis criar nem mais nem menos do que personagens dramáticas, cuja definição foi declarada pelo próprio na famosa carta a Adolfo Casais Monteiro. Com a criação de Alberto Caeiro, Pessoa quis criar um pólo de referência para as suas outras personagens maiores. Segundo Maria José de Lancastre, em O Essencial sobre Fernando Pessoa, pode dizer-se que Caeiro é o chefe de uma pequena companhia teatral que representa a sua peça no palco da poesia. Já na figura e na obra de Ricardo Reis, Fernando Pessoa exprimiu o seu lado mais tradicionalista e conservador. Foi Jacinto do Prado Coelho que chamou a atenção para a «ressonância moral» da poesia de Ricardo Reis.
A Imprensa Nacional dedica ao autor dos heterónimos, Fernando Pessoa, entre outros títulos, a coleção «Edição Crítica de Fernando Pessoa», sob a coordenação do Professor Ivo Castro, e também a coleção de ensaios «Pessoana».
Assim, depois de Poemas Publicados em Vida I. Dispersos e Poemas Publicados em Vida II. Mensagem, hoje ficam disponíveis:
(clique para os ler e descarregar gratuitamente)
Os textos que formam a edição digital Poemas de Alberto Caeiro foram inicialmente publicados no vol. IV da «Edição Crítica de Fernando Pessoa»: Poemas de Alberto Caeiro, Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2015. A edição é de Ivo Castro.
Quanto aos textos que formam a edição digital de Poemas de Ricardo Reis foram inicialmente publicados no vol. III da «Edição Crítica de Fernando Pessoa»: Poemas de Ricardo Reis, Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1994. A edição é de Luiz Fagundes Duarte.
A estrutura e o conteúdo dessas edições-mãe são conservados, com as seguintes intervenções principais: foram corrigidas gralhas, foram revistas leituras, foi adotada a ortografia oficial vigente, foram retirados os instrumentos críticos acessórios do texto (aparatos, anotações, introduções, índices, etc.), em alguns volumes foram retirados poemas incompletos. Para facilitar o cotejo com as edições-mãe, os textos mantêm o número que aí tinham, o que explica alguns saltos na numeração destas edições digitais.
A Imprensa Nacional vai disponibilizar no seu site de Internet, www.incm.pt, de forma gratuita, uma boa parte da obra pessoana em formato digital e gratuito. Esta é uma forma de promover este grande tesouro da língua portuguesa, este talento: «inteiro e grande», que são os livros de Fernando Pessoa, nomeadamente junto dos mais jovens. É também uma forma de dar continuidade à primordial e já longa missão de serviço público da editora pública: preservar e divulgar a memória e o património comuns.