Fotografia: Fernando Piçarra
Em 2021, a Imprensa Nacional continuou a distinguir-se pela qualidade do trabalho que tem vindo a desenvolver nas suas diferentes áreas editoriais — da literatura, ao ensaio, passando pela história, filosofia, poesia, artes ou ainda na área infantojuvenil. Distinguiu‑se também pelo seu plano de ação cultural, assim como pela clara aposta que fez na área da edição e conteúdos digitais. Trabalhos todos eles norteados pelos valores de rigor, responsabilidade, inovação e, claro, pela missão de serviço público.
O trabalho desenvolvido pela Imprensa Nacional em 2021 pode e deve ser medido quantitativamente, mas os aspetos qualitativos são sempre da maior relevância, tendo em conta o índice de reconhecimento junto das comunidades académica, científica, cultural e também junto do público em geral, que continuam a confiar na editora pública portuguesa.
Em 2021 a Imprensa Nacional acrescentou ao seu catálogo cerca de 70 novos títulos. Entre eles, livros que se distinguiram como referências no mercado editorial português, como a tradução que Jorge Vaz de Carvalho fez da Divina Comédia, de Dante Alighieri, como o volume 0 da coleção «Obras de Mário Soares», As Ideias Políticas e Sociais de Teófilo Braga, como a monumental obra de Luigi Pirandello, Máscaras Nuas — Uma seleção, como a titânica publicação de Os Primeiros-Ministros de Portugal (1820-2015), em 3 volumes, ou ainda como os dois números da Série Ph., dedicados a Ernesto de Sousa e a Jorge Guerra. O Longo Caminho para a Igualdade. Mulheres e Homens no século XXI, de Ana Maria Magalhães, Isabel Alçada (texto) e Susana Carvalhinhos (ilustrações), revelou-se um sucesso editorial junto dos mais novos e não só, com mais de 10 mil exemplares vendidos. A isto deve acrescentar-se ainda que a Imprensa Nacional conta, à data de hoje, com aproximadamente 70 títulos no Plano Nacional de Leitura.
Continuam também a ser notórias, com tendência a crescer (2021 foi um exemplo disso), as relações de parceria e cooperação que a Imprensa Nacional tem vindo a estabelecer com as mais diversas entidades, em várias edições do seu catálogo.
Em 2021, publicámos, por exemplo, o catálogo da exposição Tudo o Que eu Quero — Artistas Portuguesas de 1900 a 2020, em parceria com a Fundação Calouste Gulbenkian; a coleção «Botânica em Português», em parceria com a Câmara Municipal de Lisboa; o livro A Ciência Cura — O Conhecimento no Combate à COVID-19 em Portugal, de Luísa Ferreira, em parceria com a Fundação para a Ciência e a Tecnologia/Ministério da Ciência Tecnologia e do Ensino Superior, ou ainda três livros da coleção «O Essencial sobre»: Aristides de Sousa Mendes, por Cláudia Ninhos; Os Salvadores Portugueses, por Margarida de Magalhães Ramalho, e Os Portugueses no Sistema Concentracionário do III Reich, da equipa coordenada por Fernando Rosas, em parceria com o Nunca Esquecer — Programa Nacional em torno da Memória do Holocausto, envolvendo, além dos órgãos de soberania, escolas, centros de investigação, municípios e organizações da sociedade civil. Fechámos o ano com a belíssima agenda dedicada a José Saramago, resultado também de uma parceria, desta vez com a Fundação José Saramago.
Em 2021, e apesar das circunstâncias pandémicas conhecidas, a Imprensa Nacional programou (a solo ou em parceria) mais de três dezenas de eventos, sendo que muitos deles puderam ser acompanhados em direto via streaming. A Imprensa Nacional marcou também presença em vários festivais, colóquios e conferências. Destaque para os festivais 5 L e Folio 2021 e para as Feiras do Livro de Lisboa e do Porto. Promoveu ainda vários workshops, encontros e masterclasses; foi às escolas e trouxe alunos à sua Biblioteca.
Consciente da sua missão de promoção da língua portuguesa, e à semelhança do que tem vindo a acontecer nos anos anteriores, no ano que passou, a Imprensa Nacional abriu candidaturas para quatro Prémios Literários na grande escala das geografias da língua portuguesa. No total recebeu quase duas centenas de candidaturas, atribuiu 3 primeiros prémios e 2 menções honrosas.
A Imprensa Nacional iniciou em 2020 o projeto de implementação da Imprensa Nacional Digital, a que deu continuidade com amplo crescimento no ano de 2021, disponibilizando digitalmente cerca de 5000 novos conteúdos, e reforçando assim o espírito inovador e pioneiro da editora pública portuguesa. Em 2021 foram para o ar duas novas áreas do site da Imprensa Nacional: «Edições» e «História e Património». Foi para o ar também um novo podcast a que demos o título de A Poesia Dita., um espaço inteiramente dedicado aos poetas de língua portuguesa publicados pela Imprensa Nacional.
Hoje é já possível, ao aceder a esta nova plataforma, conhecer o catálogo editorial da Imprensa Nacional bem como o catálogo e coleções de maior importância da nossa biblioteca, descarregar audiolivros, centenas de podcasts (A Poesia Dita. e O Essencial sobre…), vídeos, e quase três centenas de livros em PDF de forma totalmente gratuita e partilhável e em permanente crescimento, contando também notícias da atualidade editorial. Também estão disponíveis entrevistas de fundo, recensões literárias, biografias de autores, curiosidades e efemérides ligadas à história da empresa, novidades de agenda e passatempos, entre muitos outros conteúdos.
Esta é uma aposta que pretende ser um veículo para a democratização do acesso à cultura e à leitura, reforçando assim a missão de serviço público da Imprensa Nacional e refletindo o posicionamento mais atual e contemporâneo da nossa instituição, que conta já com mais de 250 anos de existência.
Também a notoriedade da marca Imprensa Nacional cresceu nas redes sociais ao longo do último ano, com mais seguidores nas páginas de Facebook, Instagram e YouTube.
Terminado o ano de 2021, a Imprensa Nacional inicia 2022 com muitos projetos e uma certeza: a de que este será também um grande ano para o serviço público de edição. E começamos com dois títulos há muito aguardados: A Poesia Completa de Sá de Miranda e uma nova edição revista das Confissões de Santo Agostinho. Apresentámos, agora em janeiro, dois títulos da coleção «Estudos de Religião», uma parceria com a Universidade Católica Portuguesa e o título Hipótese Cinema, de Alain Bergala, também ele resultado de uma parceria entre a Imprensa Nacional e o Plano Nacional das Artes.
2022 será também o ano em que apresentaremos Portugal Amordaçado, de Mário Soares. Será uma edição, em dois volumes, amplamente comentada, de uma obra central para a democracia portuguesa, na qual Soares deixa testemunho não apenas do seu combate ao regime de Salazar, mas também da sua visão de um Portugal democrático, sem colónias e plenamente integrado na Europa. Na coleção «Itálica», terminaremos o nosso ciclo dedicado a Dante Alighieri com a publicação do terceiro volume que integra os títulos Convívio, Sobre a Eloquência Vulgar e Monarquia.
O presente ano será muito importante para o aumento da diversidade da oferta da editora pública. Iniciaremos novas coleções em áreas totalmente distintas: a «Coleção J», dedicada à joalharia portuguesa, a «Coleção M», dedicada às marcas históricas portuguesas, e também daremos início à publicação da «Obra Completa de Maria Ondina Braga», uma autora tão desconhecida quanto original, e de uma nova coleção infantojuvenil dedicada à história da arte portuguesa.
Ao longo do ano serão divulgadas variadíssimas novidades. O que queríamos, neste artigo, era, sim, fazer um balanço da nossa atividade no ano de 2021 e abrir um pouco o apetite para um suculento ano de 2022.
Duarte Azinheira, diretor de edições e cultura da Imprensa Nacional-Casa da Moeda