Num tempo em que o acesso à cultura ficou condicionado pelas medidas de isolamento social, a missão da Imprensa Nacional de divulgar a memória e o património comuns e de promover a língua e a cultura portuguesas ganha uma relevância ainda maior. Se as pessoas estão impedidas de chegar até à cultura, então a Imprensa Nacional tem o dever acrescido de levar a cultura até às pessoas.
No início do ano, a Imprensa Nacional anunciou, no momento da apresentação do seu Plano Editorial, que 2020 seria o ano em que a editora pública empreenderia o maior esforço da sua história no caminho da desmaterialização e de uma oferta diferenciada de conteúdos.
Na altura, anunciámos cerca de 40 edições que incluíam livros eletrónicos, uma nova coleção de audiolivros de autores clássicos portugueses com disponibilização gratuita e um novo sítio na Internet com conteúdos próprios e exclusivos totalmente orientados para a literatura e cultura portuguesas, bem como para a história desta instituição.
No começo de março, confrontada com a evolução da pandemia da COVID-19 e com o consequente encerramento de livrarias e de escolas, e também com grande parte dos leitores em isolamento social, a Imprensa Nacional entendeu que o cumprimento da sua missão de serviço público (no fundo a missão de estar ao serviço da cultura, das artes e da educação) deveria passar pela antecipação da disponibilização em formato PDF de muitos dos seus títulos. O acesso a estas leituras, previsto para mais tarde, é já possível de forma inteiramente gratuita e partilhável.
Assim, ao longo dos últimos meses a Imprensa Nacional partilhou quase uma centena de títulos no sítio da Internet da Imprensa Nacional-Casa da Moeda (www.incm.pt) e no seu blogue editorial (prelo.incm.pt), e o saldo é já um número elevadíssimo de visitas e descargas, cerca de 150 mil descargas em dois meses.
Esta campanha, denominada «Livros para a Quarentena», foi dinâmica, muito escrutinada, e bem aceite pelos leitores da Imprensa Nacional, os novos e os de sempre. Foi partilhada por variadíssimos parceiros editoriais, também eles operadores públicos, que, desde o primeiro instante e sucessivamente, se foram juntando à Imprensa Nacional nesta missão. É o caso do Museu Nacional de Arqueologia e do Museu Nacional de Arte Antiga, e também do Teatro Tivoli e do Teatro Nacional D. Maria II.
O exemplo destes meses deu à Imprensa Nacional a certeza de que o caminho que temos para percorrer a seguir passa necessariamente pelo reforço do catálogo digital e pela aposta na desmaterialização. Desta forma, a campanha continuará após o período de quarentena, com mais conteúdos e uma presença firme e segura nos suportes digitais.
Alguns desses títulos em formato eletrónico (e-books) continuarão a ser disponibilizados gratuitamente; e outros, compreensivelmente, continuarão a ser vendidos nas plataformas de comércio eletrónico habituais, em formato e-pub, compatível com vários dispositivos digitais.
A disponibilização gratuita (PDF) compreenderá títulos editados, a solo ou em parceria, que tenham mais de 18 meses; que se encontrem em domínio público; que pertençam ao cânone da língua e da cultura portuguesas e ou que se encontrem esgotados.
Tal como o catálogo das publicações em papel, o catálogo das edições digitais da Imprensa Nacional estará em constante incremento, reunindo assim novidades e títulos mais antigos. De salientar que o Plano Editorial da Imprensa Nacional para 2020 será executado quer pela via digital quer pelas edições em papel.
As transformações tecnológicas dos últimos anos mudaram o mundo e a forma de comunicar. A Internet trouxe um conceito de acessibilidade associado à informação e à leitura. Face aos desafios por que todos passámos nos últimos meses, o salto digital massificou-se ainda mais e a Imprensa Nacional quer e vai continuar a acompanhá-lo.
Neste sentido, a Imprensa Nacional está neste momento empenhada em lançar o seu novo sítio na Internet, previsto ainda para este ano, que contará com conteúdos próprios e exclusivos, totalmente orientados para a literatura e cultura portuguesas, bem como para a história desta instituição que conta com mais de 250 anos. Fazendo uso de recursos digitais como os podcasts, vídeos, audiolivros e exposições virtuais, a Imprensa Nacional vai continuar, também desta forma, a promover e a democratizar o acesso à cultura e assim servir uma comunidade cada vez maior de utilizadores.
Estamos certos de que o processo de desmaterialização editorial, agora em curso, vai permitir um acesso muito mais amplo às edições da Imprensa Nacional e dessa forma alcançar outros e novos públicos.