A Impresa Nacional e o Teatro Nacional D. Maria II (TNDM II) disponibilizam hoje a obra, feita em parceria, Lucien Donnat, um criador rigoroso, em formato digital, gratuito e partilhável.
Num contexto de estudo alargado, Lucien Donnat, um criador rigoroso pretende promover o estudo da obra e o percurso biográfico de Lucien Donnat (1920 — Lisboa, 2013). Lucien Donnat (nascido Goldstein) foi um artista multifacetado, mais conhecido pelo seu trabalho na área da decoração de interiores, mas hábil também em pintura, no design e na música, alcançando grande notoriedade como cenógrafo e figurinista. Lucien Donnat frequentou o curso de Belas-Artes em França. Em 1941, foi convidado por Amélia Rey Colaço a compor a música e desenhar cenário e figurinos para a peça infantil Maria Rita, da autoria da filha, Mariana Rey Monteiro. Lucien Donnat colaborou em regime de quase exclusividade, entre 1941 e 1974, com a Companhia Rey Colaço-Robles Monteiro, da qual foi diretor plástico, que marcaria todo o teatro do século XX.
Lucien Donnat foi figurinista, cenógrafo, músico, compositor, decorador, designer e poeta. A extensa lista da sua atividade profissional — quer na área do teatro, quer na da decoração — constitui uma das maiores provas da sua polivalência enquanto artista. No entanto, a sua habilidade não se esgotou no trabalho, pois Donnat foi, também, um talentoso pianista que, segundo o próprio, poderia ter sido tão grande quanto o foi Arthur Rubinstein, tivessem os seus pais prestado a devida atenção à sua inclinação para a música quando Lucien era criança.
Em Lucien Donnat, um criador rigoroso pode conhecer a dimensão expositiva da vida e obra do artista, a partir de coleções privadas e de Estado. Carlos Vargas assina o texto: «Teatro e Memória»; Victor Pavão dos Santos e Rui Afonso Santos escrevem sobre as dimensões da carreira de Lucien Donnat; Eunice Azevedo ensaia a nota biográfica do artista, revelando aspetos pouco conhecidos da sua vida que Margarida Acciaiuoli enquadra no Portugal contemporâneo de Lucien Donnat.
Contam que, para Donnat, a amizade era um assunto sério, nunca a cultivando por circunstância ou interesse. Os amigos que fez, manteve-os oferecendo-lhes sempre lealdade e tolerância. Tolerância, essa, que não se estendia à falta de rigor, de competência ou de brio no trabalho. Munido de todas estas características, Lucien, um perfecionista por natureza, não reservava grande paciência para a falta de competência profissional, exigindo sempre a melhor prestação, não só de quem com ele trabalhava, mas também daqueles com quem se relacionava com maior proximidade. Todavia, mesmo nas horas de maior tempestuosidade, a sua cortesia natural acabava por transparecer. Podemos recordá-lo, seguramente, como um verdadeiro gentleman, tanto no trato, como no vestir.
Quanto à exposição homónima teve lugar entre janeiro e agosto de 2014 e resultou de uma parceria entre o Museu Nacional do Teatro e o TNDM II. A exposição dividiu-se entre dois espaços: no Museu Nacional do Teatro ilustrou-se o percurso cronológico do trabalho de Lucien Donnat; no Teatro Nacional D. Maria II destacou-se a peça Antígona, espetáculo de estreia de Mariana Rey Monteiro em abril de 1946.