A Biblioteca da Imprensa Nacional recebe já amanhã, dia 28 de janeiro, a Conferência Il progetto del Memoriale della Shoah di Milano, conferência do Arquiteto Guido Morpurgo, por ocasião do Dia da Memória.
Em colaboração com a Imprensa Nacional a conferência é organizada pelo Instituto Italiano de Cultura. É moderada pelo arquiteto João Rocha, Diretor do Departamento de Arquitetura da Universidade de Évora. A conferência inicia-se pelas 18:30.
A entrada é livre.
Localizado na área de manobras da Stazione Centrale de Milão, de onde entre Dezembro de 1943 e Janeiro de 1945 judeus e presos políticos foram deportados para os campos de extermínio e concentração, o Memoriale della Shoah, com uma área de 7.000 metros quadrados em dois níveis, composta por 5 tramos de aproximadamente 100 metros de comprimento, fortemente caracterizados pelas estruturas de cimento armado que sustentam o átrio das linhas – inclui 2 partes que se integram mutuamente: o Memorial – lembrança e narração – e o Laboratório da Memória – reelaboração – sistema de espaços dedicados ao diálogo e à investigação. O piso térreo desta estação oculta, revelada pelo projeto, é conectado à parte subterrânea através da demolição de uma parte do soalho do primeiro tramo que se abre para a entrada e a cidade, para medir a sensação de subtração e vazio. O Memorial integra uma biblioteca organizada em 3 níveis, para um total de 40.000 volumes, um auditório com 200 lugares e espaços para atividades didáticas, de investigação e para exposições temporárias. Uma zona introdutória formada pelo sistema Muro da Indiferença – rampa de acesso, receção e Observatório – continua no Salão dos Testemunhos, formado por 6 volumes metálicos virtualmente cúbicos, “quartos” dedicados à projeção das narrações dos sobreviventes. Na área das deportações – caracterizada por carris paralelos, um transladador e um monta-cargas para carruagens – existe um comboio original (Linha do destino desconhecido), o Muro dos Nomes e o Local de Reflexão, espaço de silêncio e recolhimento. O uso dos materiais da estação atualizados por meio de novas intervenções e o princípio do distanciamento entre o sistema dos dispositivos de documentação-narração e o existente, revelam o edifício-documento como um enorme “achado arqueológico” da modernidade, agora aberto à cidade com novos usos e significados para o presente.
Guido Morpurgo (1964) licenciou-se em Arquitetura pelo Politécnico de Milão, onde obteve também o seu Doutoramento (1999) e leciona a cadeira de Projeto desde 2011. Foi professor convidado pela Universidade IUAV de Veneza (2015 e 2016). Em 2018, obteve a Abilitazione Scientifica Nazionale como Professor Associado de Arquitetura e Design Urbano. Começou a sua atividade profissional no início dos anos 90, obtendo reconhecimento no contexto de vários Prémios nacionais de Arquitetura. Em 2006, fundou o estúdio Morpurgo de Curtis Architetti Associati com Annalisa de Curtis, que desenvolve a sua atividade principalmente no campo da museografia, da construção residencial e do design de interiores. O trabalho central de pesquisa de design do estúdio – o Memoriale della Shoah de Milão – recebeu o prémio “Medaglia d’Oro all’Architettura Italiana” (2015) e está vinculado ao Ministero dei Beni Culturali (2017). Projetos e obras do estúdio Morpurgo de Curtis foram exibidos em exposições internacionais, bem como publicados e revisados regularmente na Itália e no estrangeiro. Entre os trabalhos recentes do estúdio, um complexo residencial para 100 apartamentos em Pioltello (Milão, 2016) e as instalações das exposições “Chagall e la Bibbia” (Museo Diocesano de Milão, 2014-15), “Comunità Italia” (curva da Triennale di Milano, 2015-16), “Ma poi, che cos’è un nome” (Triennale di Milano, 2018). Guido Morpurgo é autor de ensaios e monografias sobre pesquisa em projetos de arquitetura e de contribuições para a educação em projetos de arquitetura. Entre 2000 e 2008, Guido Morpurgo foi Associado no estúdio Gregotti Associati International (Milão e Xangai), pelo qual ele é autor de artigos e monografias (Milão 2003, Nova Ioque 2008 e 2014) e curador de várias exposições, incluindo “Il territorio dell’architettura. Gregotti Associati 1953-2017” realizada no PAC em Milão (2017-18) e na galeria Garagem Sul do Centro Cultural de Belém (Lisboa, 2018-19).
João Rocha formou-se pela Faculdade de Arquitetura da Universidade Técnica de Lisboa, tendo sido Bolseiro Erasmus no Politécnico de Torino. Realizou o mestrado na Columbia University em New York sendo atualmente Diretor do Departamento de arquitetura da Universidade de Évora. Foi docente convidado na Pontificia Universidad Católica do Chile, Universidade do Minho, da Università Iuav di Venezia entre outras. É membro do Centro de investigação CIDEHUS e da Cátedra UNESCO em Património Imaterial, ambos da Universidade de Évora. Faz parte de vários comités científicos e associações universitárias, onde se destaca a rede internacional, Designing Heritage Tourism Landscapesonde participam 16 faculdades de arquitetura. Tem vários artigos publicados sobre a Olivetti, a relação entre computação e arquitetura e mais recentemente, sobre questões patrimoniais e arquitetónicas em Marrocos.