A primeira edição do Festival Internacional de Literatura e Língua Portuguesa – Lisboa 5L arranca a 5 de maio (quarta-feira), dia em que se comemora o Dia Mundial da Língua Portuguesa, e estende-se até ao dia 9 de maio (domingo).
Reunindo mais de 70 autores, a programação do Festival inclui debates, mesas de autor, concertos, cinema, performance, encontros e exposições, que decorrerão em vários espaços da cidade de Lisboa, desde o Teatro São Luiz ao Grémio Literário, passando pelo Museu da Farmácia, entre tantos outros. Conheça aqui a programação.
A Imprensa Nacional participa no Festival com duas sessões. Uma dedicada à nova tradução da Divina Comédia, de Dante Alighieri, no dia 8 de maio (sábado), pelas 16 horas; a outra dedicada ao poeta sadino, Manuel Maria Barbosa du Bogace, também dia 8 de maio, pelas 18 horas. A primeira está a cargo de Jorge Vaz de Carvalho; a segunda de Daniel Pires.
Ambas as sessões realizam-se no Grémio Literário, são de entrada gratuita (as entradas estão sujeitas à capacidade da sala) e terão transmissão em direto nas páginas do Facebook e Instagram da Imprensa Nacional, disponíveis em https://www.facebook.com/ImprensaNacional e em https://www.instagram.com/imprensanacional.pt, respetivamente.
O Festival 5L é uma iniciativa da Câmara Municipal de Lisboa e conta com a direção artística de José Pinho (fundador das livrarias Ler Devagar e criador do Folio, o Festival Literário de Óbidos).
Sobre as Sessões da Imprensa Nacional:
Divina Comédia, apresentação por Jorge Vaz de Carvalho
Dia, 8 de maio, 16h00
Grémio Literário
A Divina Comédia é a representação de um itinerário pessoal ultramundano que revela exemplarmente o caminho para a plena realização da felicidade universal. O amor-virtude é a energia de conhecimento e transcendência que torna o ser humano digno do amor divino e da permissão de ascender à beatitude. Para tratar matéria tão alta e sublime, Dante cria uma língua nova, o vulgar ilustre, a partir dos falares italianos comuns, já suficientemente nobre e eloquente para erigir o poema a uma das maiores realizações da literatura de todos os tempos.
Jorge Vaz de Carvalho
O trabalho literário de Jorge Vaz de Carvalho inclui obras de poesia, conto, ensaio (Jorge de Sena: Sinais de Fogo como romance de formação, Prémio PEN Clube 2010 e Prémio Jorge de Sena 2011, e Porquê ler os clássicos) e tradução (Ciência Nova de Giambattista Vico, Prémio de Tradução Científica e Técnica FCT/União Latina 2006; Canções de Inocência e de Experiência de William Blake; Emma de Jane Austen; Vida Nova de Dante Alighieri; Tolstoi ou Dostoievski de George Steiner; Ulisses de James Joyce, Grande Prémio de Tradução Literária APT/SPA 2015; Diários e Viagens de Virginia Woolf; obras de Umberto Eco; O Livro do Cortesão de Baldassarre Castiglione. É professor da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa, onde se doutorou em Estudos de Cultura.
Bocage ou O Elogio da Inquietude, por Daniel Pires
Dia 8 de maio, 18h00
Grémio Literário
Poeta de primeira água, Bocage (1765-1805), escritor compulsivo e seminal, trilhou, em páginas de filigrana, os caminhos da lírica, da sátira, do erotismo e do drama e traduziu alguns dos principais escritores clássicos greco-latinos, franceses e italianos. Por ser apologista do livre-pensamento foi amplamente censurado. Recorreu à clandestinidade para dar a conhecer o primeiro manifesto feminista português, que redigiu em verso, e compôs um manifesto iluminista, que punha em causa os fundamentos da ordem social vigente. Conheceu a fama e a fome: levou a poesia do palácio para a rua, democratizou-a, dizendo-a nos cafés, nas feiras, nos botequins e no «Passeio Público», onde também vendia, para angariar meios de subsistência, os seus manuscritos, exaustivamente cinzelados, sem cessar burilados. A inveja dos rivais da Academia de Belas-Letras, a inquietude que o possuía e a transgressão expressa, designadamente, na sua obra clandestina, que encerra as sementes da liberdade e da alteridade, conduziram-no, várias vezes, ao cárcere. Respondeu, então, perante a Intendência-Geral da Polícia e a Inquisição, que o tentaram, sem êxito, reeducar. Para cúmulo, sem túmulo: faleceu na flor da idade, aos 40 anos, e os seus restos mortais foram parar à vala comum.
Daniel Pires
Licenciado em Filologia Germânica e doutorado em Cultura Portuguesa, foi professor cooperante em São Tomé e Príncipe e em Moçambique, professor do ensino secundário e leitor de português nas Universidades de Glasgow, Macau, Cantão e Goa. Dirige o Centro de Estudos Bocageanos desde a sua fundação, em 1999. É autor de, entre outras, as seguintes obras: Dicionário de Imprensa Literária Portuguesa do Século XX, Dicionário Cronológico da Imprensa Macaense do Século XIX, Bocage. A Imagem e o Verbo e Bocage ou O Elogio da Inquietude, bem como de ensaios sobre Camilo Pessanha, Wenceslau de Moraes, o Padre Malagrida, o Marquês de Pombal e Raul Proença. Colaborou no Dicionário de Fernando Pessoa, Dicionário da República, Dictionary of Literature of the Iberian Peninsula, Cambridge Guide to World Theatre, Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Dicionário de História de Portugal e Dicionário do 25 de Abril.