Uma das mais importantes referências da poesia marginal, Ana Cristina Cesar (1952-1983) marcou profundamente a literatura brasileira do século xx, com um percurso que foi breve, mas incontornável.
Como referiu Armando Freitas Filho na apresentação da antologia publicada pela Companhia das Letras em 2013, agora novamente editada pela Imprensa Nacional, a poeta brasileira deixou-nos há 30 anos mas está «cada vez mais viva» através de um volume que «devolve à circulação seus livros de prosa/poesia, em grande estilo para os novos leitores […]» (p.11).
Ana Cristina Cruz Cesar nasceu no Rio de Janeiro em 1952 e formou-se em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro em 1975. O seu percurso de vida passou pela tradução, a crítica literária, a poesia e o cinema. A sua obra caracterizou-se pela ousadia e pela consciência crítica, por uma poesia intimista e coloquial, livre de autocensura.
A obra da poeta brasileira pode agora ser lida e (re)vivida na antologia Poética, da coleção Plural.
O volume parte do seu livro inaugural, Cenas de abril, de 1979, no qual «uma poesia tocante e pungente apareceu como que escrita não nas linhas, mas nas entrelinhas dos sentidos.», seguindo-se Correspondência completa, também de 1979, em que a autora se identificou como Ana Cristina C., um «livreto minúsculo» composto «de uma só carta». A antologia acompanha ainda Luvas de pelica, de 1980, uma narrativa marcada pelo «sentimento de perda, melancolia e desnorteio», A Teus Pés, de 1982, que «procurava o poema longo e desviante da prática geral», chegando, por fim, aos inéditos e dispersos, organizados e publicados postumamente. (Armando Freitas Filho, pp. 11-13).
Poética compreende ainda um posfácio por Viviana Bosi, uma cronologia e um índice de Títulos e Primeiros Versos.