Com a criação de Alberto Caeiro, Fernando Pessoa quis criar um pólo de referência para as suas outras personagens maiores. Assumindo à letra a definição da obra pessoana como drama em gente, pode dizer-se que Caeiro é o chefe de uma pequena companhia teatral que representa a sua peça no palco da poesia.
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Caeiro foi o mestre de Campos, de Reis e do próprio Pessoa, e a obra dos outros criadores é sempre submetida ao seu juízo e à sua autoridade. Mas de onde provém esta supremacia que faz de Caeiro um mestre e dos outros seus discípulos?
Autodidata, substancialmente monocórdico, desprovido de sopros líricos, Caeiro evidencia-se pelo seu olhar sobre o mundo, pela sua capacidade reflexiva, pela formulação de uma filosofia que consiste numa aparentemente simples decifração do real, mas que na verdade é complexa e ambígua.
A ficha biográfica de Alberto Caeiro resume-se assim:
Alberto Caeiro nasceu em Lisboa, em 1889, onde morreu tuberculoso, em 1915, depois de ter passado quase toda a vida no Ribatejo, na quinta de uma velha tia. Não teve profissão alguma e possuía apenas uns rudimentos de instrução. No seu isolamento campestre escreveu quase toda a sua obra, desde O Guardador de Rebanhos e O Pastor Amoroso a uma parte dos Poemas Inconjuntos, que viria a acabar em Lisboa antes de morrer. Apesar de sua jovem idade, foi considerado Mestre quer por Álvaro de Campos e Ricardo Reis, que pelo próprio Fernando Pessoa que afirma, na célebre carta a Casais Monteiro, referindo-se ao momento da criação de Caeiro: «Aparecera em mim o meu mestre.».
Este podacast teve por base o livro O Essencial sobre Fernando Pessoa, de autoria de Maria José de Lancastre.
A música é do minueto alegro da Sinfonia n.º 2 de João Domingos Bomtempo.
O Essencial sobre… um podcast da Imprensa Nacional.