Giuseppe Ungaretti (1888-1970) introduziu inovações formais e temáticas que marcaram profundamente a poesia italiana do século XX, sendo hoje um dos seus representantes maiores.
Numa escrita nitidamente autobiográfica, a aparente simplicidade dos seus poemas transportam o leitor para o lirismo poético na sua forma mais pura.
A edição que a Imprensa Nacional agora lhe traz teve por base a edição da Mondadori, onde Ungaretti reuniu, pouco antes de morrer, a sua vida em verso num único volume. Vem acompanhada de comentários e notas pessoais.
Um percurso humano e artístico que agora vai poder visitar nas cerca de 900 páginas deste livro. A tradução é de Vasco Gato.
Há que dizê-lo: aquilo que os poetas e os artistas, do Romantismo aos nossos dias, fizeram e teimam em fazer é imenso: sentiram o envelhecimento da língua: o peso dos milhares de anos que carregam no seu sangue; restituíram à memória a sua medida de angústia e, ao mesmo tempo, mediante esforços cruéis e obstinados, adquiriram o poder de lhe dar a liberdade de se emancipar nesse mesmo grau em que a afirma. Apenas a poesia — aprendi-o terrivelmente, bem sei — só a poesia pode recuperar o homem, mesmo quando todos os olhos se apercebem, pelo acumular de desgraças, de que a natureza domina a razão e de que o homem é muito menos governado pela própria obra que não esteja à mercê do Elemento.
Giuseppe Ungaretti in «Introdução» a Vida de Um Homem. Toda a Poesia
A presente edição reúne poemas de Alegria, Sentimentos do Tempo, A Dor, A Terra Prometida, Um Grito e Paisagens, O Caderno do Velho, Apocalipses, Provérbios, Diálogo, Novos, Derniers Jours, Poemas Dispersos, Outros Poemas Reencontrados e Novos Reencontrados. Conta ainda com o texto introdutório «Razões de Uma Poesia», de Giuseppe Ungaretti e ainda com «Notas Organizadas pelo Autor e por Ariodante Marianni».
Giuseppe Ungaretti nasceu a 8 de fevereiro de 1888, em Alexandria, no Egito. Órfão aos dois anos, começou os seus estudos em italiano e em francês antes de deixar o Egito em 1912. Mudou-se depois para Paris, onde se matriculou na Universidade da Sorbonne e onde contactou com a vanguarda simbolista. É na capital francesa que faz amizade com Cendrars, Apollinaire e Modigliani. No final da I Guerra Mundial, na qual participou como soldado, casa-se com uma francesa e vai trabalhar para o Ministério dos Negócios Estrangeiros, em Roma. A partir de 1936, Ungaretti muda-se para o Brasil, onde permaneceu até 1942. No Brasil dá aulas na Universidade de São Paulo, ensinando Literatura Italiana. Mais tarde, Ungaretti ensinará Literatura Italiana Contemporânea em Roma. A reunião da sua obra poética completa, Vita d´un Uomo, surge em 1969. Além de uma vasta obra no domínio da poesia, Ungaretti traduziu para italiano Mallarmé, Racine, Shakespeare, William Blake e Gongora. Morreu em Milão a 2 de junho de 1970, aos 82 anos de idade.
Vida de Um Homem. Toda a Poesia está agora publicada na coleção «Itálica» da Imprensa Nacional, uma coleção que pretende disponibilizar ao grande público a obra de autores italianos clássicos e modernos, estimulando o conhecimento, pelo público português, de nomes incontornáveis do cânone da literatura italiana, pouco editados ou pura e simplesmente esquecidos pelo mercado português.
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