Sobre o Céu, de Aristóteles, já se encontra já disponível com a chancela da Imprensa Nacional, numa tradução baseada no texto de Paul Moraux (Du Ciel, Paris, Les Belles Lettres, 1965).
Neste livro, Aristóteles, tendo como ponto de partida para a investigação das diversas questões de ordem científica, avança para uma avaliação crítica das teorias antes emitidas por diversos fisiólogos — o que faz dele, além de um cientista escrupuloso, um testemunho inestimável sobre o percurso da ciência grega. Em Sobre o Céu, a principal intenção do filósofo é identificar, na discussão de cada disciplina, os pontos polémicos em debate, divergir de opiniões antes emitidas, para, a partir daí, determinar as dificuldades e deficiências dos resultados e construir a sua própria teoria.
Se em a Física Aristóteles privilegia as mudanças que se operam na natureza e as suas causas, em Sobre o Céu vai especificar o estudo dos corpos celestes e dos sublunares. Apesar de o título parecer indicar um objeto específico, o conteúdo acaba por versar sobre uma multiplicidade de assuntos. É verdade que trata do Céu e dos astros nele contidos, mas inclui também investigações sobre a Terra, sobre os elementos que a compõem e seus processos de geração e corrupção, sobre noções mecânicas como o leve e o pesado, entre outros. A reflexão sobre matéria física implica ainda, no pensamento aristotélico, a associação complementar com questões de ordem matemática, que subjaz às reflexões e colabora na formulação de princípios.
Ora, se todo o corpo percetível tem uma potência ativa, uma passiva, ou ambas, é impossível que um corpo ilimitado seja percetível. Mas os corpos que estão num lugar são todos percetíveis. Logo, não existe nenhum corpo ilimitado fora do céu; nem mesmo em certa medida. Portanto, não existe de todo nenhum corpo fora do céu. Se for inteligível, estará num lugar. Fora e dentro indicam um lugar. Por conseguinte, será percetível. E não há nada percetível que não esteja num lugar.
Aristóteles, in Sobre o Céu
Sobre o Céu faz parte do projeto «Obras Completas de Aristóteles», inserido na coleção «Biblioteca de Autores Clássicos» da Imprensa Nacional.
A presente edição conta com tradução, introdução e notas de Rodolfo Lopes (Universidade de Brasília), de Maria de Fátima Sousa e Silva (Universidade de Coimbra) e revisão científica de Marco Zingano (Universidade de São Paulo). A coordenação é de António Pedro Mesquita.
Considerando a necessidade cultural, particularmente do público universitário, de dispor de uma tradução moderna, fidedigna e anotada da totalidade da obra de Aristóteles, o projeto «Obras Completas de Aristóteles» pretende tornar acessível ao leitor português a totalidade da coleção aristotélica. Este é um projeto da Imprensa Nacional, promovido e coordenado pelo Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa em colaboração com o Centro de Estudos Clássicos da Universidade de Lisboa, o Instituto David Lopes de Estudos Árabes e Islâmicos, o Instituto de Filosofia da Linguagem da Universidade Nova de Lisboa e os Centros de Linguagem, Interpretação e Filosofia e de Estudos Clássicos e Humanísticos da Universidade de Coimbra e com o apoio da Fundação para a Ciência e a Tecnologia.
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