A 15 de outubro de 2021 a revista Seara Nova celebrou os seus 100 anos de existência. As comemorações do centenário começaram em maio de 2021 e decorrem até outubro de 2022.
Neste âmbito, a Imprensa Nacional acaba de lançar o Essencial sobre a Seara Nova, de Luís Andrade, comemorando deste modo o centenário desta histórica revista.
Fundada por Aquilino Ribeiro, Augusto Casimiro, Azeredo Perdigão, Câmara Reys, Faria de Vasconcelos, Ferreira de Macedo, Francisco António Correia, Jaime Cortesão, Raul Brandão e Raul Proença, a revista tinha por critério ser uma publicação essencialmente doutrinária e crítica, com fins pedagógicos e políticos.
Em entrevista ao Primeiro de Janeiro, em 1937, Câmara Reys, um dos fundadores, explicava o nascimento do projeto:
«— Nasceu de uma reunião na Biblioteca Nacional, no Gabinete do Director, onde me encontrei a convite de Raúl Brandão, Raúl Proença, Aquilino Ribeiro, Ferreira Macedo e Jaime Cortesão. Foi cêrca do ano de 1920. Apareci ali sem saber qual o fim da reunião. Pouco depois conhecia-o: era o de elaborar um programa de acção política e social, um programa mínimo de realizações nacionais, em que pudessem colaborar todos os elementos sinceros e sãos da colectividade. (…) O pequeno grupo inicial alargou o âmbito da sua acção, empregando vários elementos à esquerda e à direita. Deste modo se trabalhou durante alguns meses. Foi difícil e lenta essa acção. Atingiu‑se a concretização de um certo número de ideas e normas e fêz-se a eliminação dos que, por incompreensão ou interêsse, não eram desejáveis ou não desejavam comprometer-se, o que vinha a dar ao mesmo… (…) Um dia, os elementos afins reuniram novamente e decidiram fundar uma Revista de doutrina e crítica e organizar uma secção editorial, cuja base comercial foi a Emprêsa de Publicidade Seara Nova, baptizada por Aquilino, que sugeriu a primeira palavra, e por mim, que a completei com a segunda.»
Considerado um dos títulos mais importantes da imprensa periódica portuguesa do século XX, a Seara Nova colheu como colaboradores os mais destacados intelectuais portugueses. Após a implantação da ditadura, a sua redação assumiu um papel ativo no combate ao salazarismo. Pelas páginas da Seara Nova, ao longo destes 100 anos, passaram nomes incontornáveis do século XX português. Entre eles e só para citar alguns: Adolfo Casais Monteiro, Agostinho da Silva, Alves Redol, Augusto Abelaira, Bento de Jesus Caraça, Fernando Namora, Hernâni Cidade, Irene Lisboa, Rodrigues Miguéis, José Saramago, José Gomes Ferreira, Magalhães Godinho, Jorge de Sena, Rogério Fernandes ou Vitorino Nemésio.
Lê-se na contracapa:
«A Seara Nova foi a revista dos homens de letras que não abdicaram da liberdade de espírito ao longo da ditadura salazarista e marcelista. António Sérgio, Raul Proença, Jaime Cortesão, José Rodrigues Miguéis, Adolfo Casais Monteiro e Fernando Lopes‑Graça, entre muitos outros, publicaram centenas de artigos no quinzenário de doutrina e crítica. A cultura portuguesa contemporânea e a resistência política à autocracia têm, pois, nas 1600 edições da revista, com 31 500 páginas e 3100 autores, uma fonte primordial para a compreensão do passado e do legado reflexivo recentes. O Essencial sobre a Seara Nova procede à leitura geral do espírito e do trajeto seareiros.»
Saiba mais sobre este título aqui: https://imprensanacional.pt/edicoes/o-essencial-sobre-a-seara-nova-no-143/