Se passar pela Rua da Imprensa Nacional, em Lisboa, poderá notar que o acesso à porta principal do edifício com o mesmo nome não se faz por esta via. Na verdade, a fachada principal é virada para a Rua da Escola Politécnica, sendo a Rua da Imprensa Nacional uma perpendicular a essa artéria principal.
Existe uma explicação histórica para este aparente desencontro.
O antigo palácio Soares de Noronha, cuja fachada principal era virada para a Travessa do Pombal, depois renomeada Rua da Imprensa Nacional.
O edifício onde, em 1768, foi instalada a Impressão Régia, o palácio Soares de Noronha, encontrava-se no mesmo local, mas virado para a travessa que convergia com a então designada Rua Direita da Fábrica das Sedas. Neste palácio, funcionou a tipografia régia, depois designada Imprensa Nacional, durante mais de um século. O espaço foi inicialmente arrendado ao administrador do Morgado, Fernando Soares de Noronha, que o vendeu ao Estado, em dezembro de 1816, pelo valor de 4800$000 réis. Nessa altura, a compra justificou-se pela «necessidade que há de se apropriarem à Real Fazenda o edifício, casas conjuntas e terreno adjacente onde se acham estabelecidas a Impressão Régia e Real Fábrica de Cartas, não só para se aumentarem as acomodações necessárias à sua laboração, arranjo e guarda de seus efeitos, mas também com o fim de aproveitar-se a quantia de mais de dezasseis contos de réis que ali se tem despendido […]».
Fachada principal do edifício da Impressão Régia e Fábrica de Cartas de Jogar [c. 1816?].
Em dezembro de 1880, por decisão da Câmara Municipal de Lisboa, a então designada Travessa do Pombal, sobre a qual se debruçava a fachada principal do palácio, foi renomeada Rua da Imprensa Nacional, em homenagem à editora pública.
A verde, o antigo edifício da Imprensa Nacional, virado para a ainda designada Travessa do Pombal. Detalhe da «Planta da cidade de Lisboa e de Belém», M. J. P. Araújo, 1853. Biblioteca Nacional de Portugal, http://purl.pt/30655.
Quando, em 1895, se iniciou a construção do novo edifício da Imprensa Nacional, levando à demolição do antigo palácio, a fachada principal foi projetada sobre a antiga Rua da Fábrica das Sedas, entretanto renomeada Rua da Escola Politécnica.