A Imprensa Nacional, editora pública em Portugal e parte integrante da Imprensa Nacional-Casa da Moeda (INCM), acaba de anunciar o Prémio Jornalismo de Excelência Vicente Jorge Silva, uma iniciativa que pretende promover o jornalismo de distinção e homenagear o jornalista Vicente Jorge Silva.
O Prémio Jornalismo de Excelência Vicente Jorge Silva atribuirá anualmente uma bolsa para investigação jornalística no valor de 5000 €.
O Júri do Prémio Jornalismo de Excelência Vicente Jorge Silva vai ser presidido por Nicolau Santos, presidente da Agência Lusa, e contará ainda com Manuel de Carvalho, diretor do jornal Público, e com João Vieira Pereira, diretor do Expresso, dois jornais marcantes na carreira de Vicente Jorge Silva.
Para Gonçalo Caseiro, presidente da INCM, Vicente Jorge Silva:
(…) é mais do que um ícone da comunicação social livre e bem pensante: foi uma figura marcante do jornalismo em Portugal, antes e depois do 25 de Abril, e uma personalidade presente e ativa na defesa da cultura portuguesa. É uma honra para a Imprensa Nacional fazer parte deste prémio que homenageia uma figura de referência do jornalismo português.
Nicolau Santos, presidente do júri do Prémio Jornalismo de Excelência Vicente Jorge Silva, refere que:
aceitar o convite para presidir ao prémio que a Imprensa Nacional-Casa da Moeda decidiu instituir para preservar a memória de Vicente Jorge Silva e incentivar o grande jornalismo é uma enorme honra e uma pesada responsabilidade. Uma enorme honra porque Vicente Jorge Silva foi o jornalista mais importante na imprensa escrita em Portugal desde o início de 60 até aos anos 90 do século XX e deixa uma marca incontornável no panorama editorial, com três projetos indissociáveis da luta pela liberdade, pela democracia parlamentar e pelo cosmopolitismo internacional e cultural: o Comércio do Funchal, a Revista do Expresso e o Público. Uma pesada responsabilidade porque este prémio visa estimular aquilo que mais tem vindo a definhar na imprensa escrita nacional: a capacidade de investigar criteriosamente, de fazer extraordinárias reportagens, de contar histórias surpreendentes, de concretizar entrevistas inesquecíveis, nunca se restringindo aos 92 000 km2 que as fronteiras portuguesas delimitam. Vicente Jorge Silva mudou o jornalismo português e a forma de o fazer. Este prémio visa conseguir, junto de todos que nunca deixaram de estar apaixonados pela melhor profissão do mundo – como ele sempre esteve –, que o seu inesquecível legado nunca se perca e se replique eternamente.
Quanto à imagem e identidade do Prémio Jornalismo de Excelência Vicente Jorge Silva, serão desenvolvidas por Henrique Cayatte, designer e ilustrador português com um vasto trabalho na área editorial. Convidado por Vicente Jorge Silva para integrar a criação do jornal Público, Henrique Cayatte foi cofundador, editor gráfico, ilustrador e autor do design de toda a publicação e suplementos do jornal.
Vicente Jorge Silva nasceu no Funchal, em 1945, e morreu durante a madrugada desta terça-feira, dia 8 de setembro, em Lisboa. Tinha 74 anos de idade. Amante da 7.ª Arte desde criança, começou a escrever as primeiras linhas, ainda adolescente, no Jornal da Madeira, enquanto crítico de cinema. Em 1966 assumiu a direção do Comércio do Funchal, onde desempenhou um importante papel na renovação da liberdade de imprensa em oposição ao regime fascista. Em 1974, Vicente Jorge Silva chega ao Expresso, onde exerceu as funções de chefe de redação e de diretor-adjunto, criando ainda a Revista do Expresso, um dos ícones do jornal até hoje. Em 1990 criou o núcleo fundador e foi o primeiro diretor do jornal Público. Ao longo da sua vida foi ainda colunista do Diário Económico e do Diário de Notícias, fundou a revista Invista, colaborou com o semanário Sol e foi comentador da SIC Notícias.
Ganhou dois prémios enquanto jornalista, um deles o Prémio Cupertino Miranda, considerado o principal prémio do jornalismo português na altura. Foi-lhe proposta ainda uma condecoração, que recusou.
Como realizador de cinema foi autor de O Limite e as Horas (1961), O Discurso do Poder (1976), Vicente Fotógrafo (1978), Bicicleta – Ou o Tempo Que a Terra Esqueceu (1979), A Ilha de Colombo (1997). Porto Santo (1997), o seu último trabalho no cinema, foi exibido no Festival Internacional de Genebra.
Vicente Jorge Silva foi ainda deputado pelo Partido Socialista (PS), eleito pelo círculo eleitoral de Lisboa.
Oportunamente será apresentado o regulamento do Prémio Jornalismo de Excelência Vicente Jorge Silva que recorde-se atribuirá anualmente uma bolsa para investigação jornalística no valor de 5000 €.