Detalhes de documento

  • Arquivo
    INCM/Arquivo Histórico da Imprensa Nacional
  • Cota
    055
  • Tipo de documento
    Ofício
  • De:
    Administrador Geral da Imprensa Nacional
  • Para:
    Ministro do Reino
Transcrição

“Ill.mo e Ex.mo Snr. = No meu oficio de 3 do corrente que remeti ao Secretário Geral Barão de Telheiras para ser apresentado a V. Ex.ª expus eu já a necessidade absoluta em que se achava esta oficina de ser satisfeito do todo, ou ao menos de uma parte das despesas que tem feito com as Impressões para as diversas Repartições. Agora o apuro é cada vez maior, porque apesar de se me haver respondido que se ia requisitar do Tesouro alguma quantia por conta do que se estava devendo até ao dia de hoje só recebi parte do que devia o extincto Governo Civil e a Repartição dos Hospitais Militares. Para que V. Ex.ª veja a enormidade das despesas que diariamente se fazem para satisfazer a todas as requisições do Governo apontarei só as que por ordem do Ministério de V. Ex.ª se tem feito desde o 1º do corrente até 18 dito. Pela Impressão dos Boletins das Leis, da Constituição de 1822, e dos Mapas das 27 Divisões Eleitoriais em nº de 6.000 com o Decreto correspondente; em nº de 5.000 exemplares, tem-se paro 428.500 réis; e pelo papel para os mesmos Impressos, na quantia de 345 resmas, 485.755 réis, o que tudo importa na soma de 914.255. Or se unicamente em 18 dias uma só Repartição do Governo tem feito a despesa de 914.255 réis, imagine V. Ex.ª quais serão as outras que agora não menciono, e são diariamente feitas pelos outros Ministérios que não passam um só dia que não requeiram um ou outro trabalho = Acham-se actualmente em progresso de trabalho entre outras obras a Estatistica [?] dos Concelhos, o Relatório da Misericórdia, ou Boletim das Leia, e da seria da Legislação uma das quais estã quase concluída, e para a impressão de todas elas apenas temos disponíveis 120 resmas de papel. Para que V. Ex.ª faça ideia do papel que esta oficina gasta, basta que lhe diga que o dia de hoje tem consumido 6.000 resmas; e sem esta matéria prima nem é possível que as requisições do Governo se satisfaçam nem que este Estabelecimento subsista com proveito do Estado. Sem pronto pagamento, ou do total ou de parte, já não é possível obter a credito a porção de papel necessária para os trabalhos que tenho mencionado, porque esta casa já está devendo das porções que tem gasto a quantia de 2.400 réis e com esta dívida não é possível obter mais dos credores, ou quando o possa, será por um preço que não faça conta comprá-lo. Agora se me oferece uma partida de 2 a 3.000 resmas do papel mais necessário para as impressões ordinárias, e o preço é razoável, porque pedem por ele a 1.000 réis a resma, e ainda o dariam mais barato se ao menos lhe dermos metade do seu importe. Nestas circunstancias rogo encarecidamente a V. Ex.ª queira empregar toda a sua influencia para ver se o Tesouro paga a esta Administração, quando não seja o total das despesas que fizeram as extintas Camaras, e que importa em 2 :112.927 réis ao menos metade para com ela eu comprar o papel de que tanto se necessita. Eu creio que já disse a V. Ex.ª, e agora o repito que esta casa não tem outras rendas se não o produto do seu trabalho, e que se este não for regularmente pago não pode ela subsistir. Além da paga deste trabalho é necessária a matéria prima em que ele se funda, e que a haja sempre em grande quantidade; porque faltando ela cessa tudo. A utilidade deste Estabelecimento só o pode desconhecer quem não tiver olhos para ver, porque onde achará o Governo com todas as suas ramificações uma oficina que satisfaça e tão prontamente; todas as suas requisições, e que lhe dê o lucro de 914.255 réis em 18 dias por ser despesa a cargo desta Imprensa Nacional. Basta esta utilidade, e ser este Estabelecimento actualmente uma verdadeira Escola de composição, e impressão, e até de fundição de punções, matrizes, e tipos, para que mereça toda a atenção do Governo. Eu espero que nas minhas mãos não acabe este belo e rico Estabelecimento, o que decerto acontecerá se o Governo lhe não acudir a tempo com o que lhe deve por justiça e interesse (…) Lisboa e Administração Geral da Imprensa Nacional 21 de Outubro de 1836 = Ill.mo e Ex.mo Snr. Manuel da Silva Passos. = Secretario d’Estado dos Negócios do Reino = José Liberato Freire de Carvalho” (pp. 15 v. – 16 v.)