“Ao sub Secretário de Estado dos Negócios da Fazenda

Ill.mo e Ex.mo Snr. = Tenho a honra de enviar a V. Ex.ª a conta da despesa que por ordem do Tesouro e do congresso fez esta oficina no mês de Março proximo passado e que é de 1:013.115 . Devo advertir que ela é um pouco maior do que costumava ser nos meses antecedentes, e o será sempre nos meses seguintes, em razão da nova forma que se deu ao Diário das Cortes com a obrigação em que ficou esta oficina de dar o papel para o dito Diário, quando antes era por conta dos oficiais das Secretarias de Estado. Rogo pois a V. Ex.ª queira dar as suas ordens para que esta quantia me seja quanto antes paga para satisfazer as férias semanais, que tem estado a ponto de não poderem ser satisfeitas. Além desta despesa semanal e indispensavel tenho outra que não o é menos, senão é superior, que e a do papel V. Ex-ª; reflectindo um pouco , necessariamente hade fazer ideia da avultade quantia de papel que é necessária para satisfazer todas as requisições das diversas Repartições do Governo, e da Câmara Legislativa: nestes termos sou forçado a rogar a V. Ex.ª que sendo o pagamento ordinario do Tesouro apenas suficiente para satisfazer as férias semanais não me restam outros recursos para a indispensavél compra de papel, de que actualmente de todo careço. Assim rogo ainda a V. Ex.ª queira auxiliar-me com mais um conto de reis ou três mil cruzados para não só pagar o papel que já estou devendo, mas comprar outro a crédito, o que não penso conseguir sem pagar o que já devo. Esta minha suplica é da absoluta necessidade, porque sem papel não pode trabalhar a oficina e é tal esta falta que agora me dizem que já o não há senão para tres folhas do Diários das Cortes, que e certo ficará parado se não houver papel, nem dinheiro para o comprar. Além disto há o interesse de o ajustar agora mais barato antes que as Pautas se ponham em vigor porque depois disso o papel vai a tomar um grande preço e as nossas Fábricas ainda não suprem o necessário. Esta última quantia que eu requeiro, é um simples adiantamento, que o Tesouro me pode fazer, e que eu irei descontando nos futuros pagamentos mensais. Espero que V. Ex.ª atenda a esta minha suplica porque não só é justa mas necessária. = Deus Guarde a V. Ex.ª Administração Geral da Imprensa Nacional em 6 de Abril de 1837. = Ill.mo e Ex.mo Snr. José da Silva Passos = Subsecretário de Estado, e sub Inspector do Tesouro Público Nacional. José Liberato Freire de Carvalho.” (pp. 31-32)