Situação do mercado livreiro e posição da INCM.

  • Referência
    «Crise no setor livreiro: Grave, mas não desesperada?», Diário de Lisboa, de 24 de dezembro de 1979, p. 7.
Assunto

Situação do mercado livreiro, assinalando-se uma quebra de venda de livros, e apoios ao setor através da INCM.

Ficha

«Editores, livreiros e leitores estão de acordo que 1979 foi um ano mau para a edição. Não houve nenhuma revelação espetacular nas obras editadas, por um lado. Por outro, a subida brutal de preços fez baixar significativamente a compra de livros.
[…]
Os preços da capa dos livros aumentaram, durante o ano de 79, entre 30 e 50 por cento, aumento que se deve sobretudo aos encargos sobre o papel que chegou a aumentar 100 por cento. O papel corrente utilizado pelas editoras subiu, em 9 meses, de 22.70 para 41.50. […] Os preços de serviços (tipografia, encadernação) subiram a um ritmo mais lento (18 e 20 por cento).

Na Feira do Livro deste ano — dinamizada pela Associação Portuguesa de Editores e Livreiros, com 2 pavilhões dedicados às crianças — venderam-se cerca de 50 mil contos de livros, o que é considerado uma verba razoável, atendendo às circunstâncias apontadas.
[…]

Casa da Moeda
A Imprensa Nacional-Casa da Moeda é, desde 1972, ano em que abriu a Livraria Camões, no Rio de Janeiro, o canal principal de exportações de livros portugueses para o Brasil.
Em 1979 exportou 100 mil volumes, em que avulta o livro técnico, a Literatura portuguesa, a História e a Psicologia.
A Imprensa Nacional compra e paga logo, o que põe os editores portugueses ao abrigo das contingências do mercado brasileiro. Esta é uma forma de apoio importante que, segundo os responsáveis da I.N.-C.M., representa um encargo de milhares de contos.
A I.N.-C.M. publica tradicionalmente obras de caráter cultural especializado, que não encontrem facilmente editor privado. Este ano manifestou-se uma intenção de renovação da linha editorial, com a criação de uma coleção de autores portugueses e a encomenda de obras como o álbum de poemas e desenhos sobre Camões, a alguns dos mais representativos autores e artistas.
Foi criado recentemente um sistema de vendas a crédito como forma de dinamização do setor editorial. A empresa tenciona, em 1980, estudar as possibilidades de exportação para outros mercados.
De acordo com livreiros e editores consultados pela ANOP, o problema do livro em Portugal não está tanto em não haver leitores, mas em não se poder produzir o livro a um preço acessível ao público a quem ele se dirige. Assim, a par dos esforços para alargamento do mercado, como os que acabam de se referir, é indispensável um apoio à edição, através de subsídios que façam baixar o preço da capa. […]»

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