«Para conhecimento do pessoal se comunica o seguinte:
Que o Conselho Administrativo e Disciplinar, em sua sessão de 22 do corrente, se conformou com os seguintes pareceres do Conselho Técnico da Imprensa:
Imprensa Nacional de Lisboa – Inspeção das Oficinas – N.º 36 – Exm.º Sr. Diretor-Geral da Imprensa Nacional – O Conselho Técnico, reunido em 16 de corrente […] tendo apreciado o Relatório dirigido ao Conselho Administrativo e Disciplinar pela Comissão Técnica da Associação do Pessoal da Imprensa Nacional, acerca da imperfeita execução dalguns trabalhos tipográficos, é de parecer:
Que é digna de louvor a referida Comissão, que tanto interesse manifesta pelo aperfeiçoamento artístico das oficinas da Imprensa Nacional. Infelizmente, porém, não são de fácil remédio os males apontados, porque só depois de reorganizada a oficina de fundição, que muito necessita dalguns maquinismos novos; de remodelados os serviços de armazém de venda de tipos; e de adquiridas as máquinas indispensáveis para gravar matrizes e punções; se poderá aumentar a produção a ponto de acudir prontamente às necessidades da oficina tipográfica e às do armazém de tipo, que tem para satisfazer inúmeras requisições.
A oficina de fundição tem diligenciado, no entanto, atender aos mais urgentes pedidos, fornecendo à oficina tipográfica, com a possível brevidade, o material que lhe é requisitado,e, ao armazém o que com mais instância lhe é recomendado. Apesar, porém, dos bons esforços de todo o pessoal não pode a oficina de fundição produzir material em tal abundância que permita a renovação do tipo da oficina tipográfica sempre que seja necessário. Terá, certamente, de continuar a usar-se o expediente de empregar, com material novo, algum mais ou menos usado, porque as urgências do serviço e os interesses do pessoal não permitem delongas na composição dos trabalhos.
Quanto a materiais, o facto mais grave a registar é a sua falta:
Papel n.º1, não existe há muito tempo, porque as fábricas, credoras da Imprensa Nacional de avultadas quantias, não o querem fornecer. Em sua substituição foi empregado, em padrões, n.º 83, mas, logo que se reconheceu que este era prejudicial ao tipo, passou a empregar-se durante alguns tempo, com manifesto prejuízo para o Estabelecimento, o n.º 247. Hoje emprega-se um papel alemão que satisfaz perfeitamente.
Os materiais de fundição não abundam e, por este facto, não admira que uma ou outra vez se tenha adquirido chumbo e estanho; era isto preferível a parar a laboração da oficina. Não tem este Conselho conhecimento da aquisição de materiais de inferior qualidade, preferidos por serem mais baratos, visto que a sua compra é sempre precedida de análise feita pelo chefe da oficina de fundição. O que já sucedeu foi o parecer do referido chefe ser desfavorável à compra de chumbo e estanho, que, analisados depois no Laboratório Químico da Universidade de Lisboa, foram considerados de boa qualidade. Ultimamente é que tem aparecido algum chumbo da marca Figueiroa, que a Imprensa Nacional tem adquirido para lotar [sic] com outros de pior qualidade.
É este Conselho, finalmente, de parecer que o mais urgentemente possível e logo que haja latão em chapa (porque até este metal ultimamente tem faltado) se proceda à fabricação duma nova e abundante coleção de filetes de latão para substituir os de metal-tipo. É justo dizer-se que, por mais de uma vez, a oficina tipográfica tem sido dotada com valiosas coleções daqueles filetes, dos quais, infelizmente, quase nada existe […] 16 de março de 1922.
[…] Exm.º Sr. […] O Conselho Técnico, reunido em 16 do corrente, […] tendo apreciado a proposta do chefe da oficina de fundição para modificação do engenho de furar da referida oficina, é de parecer que o citado engenho não merece a transformação que se pretende efetuar, e que é preferível adquirir um engenho novo, cujo valor não deve exceder 1800$, pouco mais do que o custo da modificação, calculado em 1650$.
Este Conselho, porém, juga ainda preferível que se adquira um engenho de maior potência para o efeito de serralharia, engenho que, além doutras características, tenha a de mandrilar peças de maior formato e a de se lhe poder adaptar, com mais segurança, o aparelho de fresar. Este engenho custará aproximadamente 6000$, mas, com a sua aquisição, tomará maior desenvolvimento o serviço da oficina de serralharia, a que urge atender, e ficará bem servida a oficina de fundição com o que atualmente existe na serralharia. Obter-se-á este melhoramento com relativa economia, porque o custo do engenho pequeno e a importância obtida pela venda do engenho antigo atingirão talvez a terça parte do valor do engenho maior. […] 16 de março de 1922 […]»