Ficha
«No dia 3 do corrente chegou a esta capital, no vapor francês Ville de Paris, o sr. José Maurício Veloso, um dos redactores desta folha e inteligentíssimo artista da Imprensa Nacional, que havia estado em Paris cerca de nove meses, encarregado de estudar os mais recentes melhoramentos realizados nos diversos ramos da arte tipográfica, e de adquirir novas máquinas de imprimir e outros objectos para o vasto estabelecimento a que pertence.
Enquanto residiu naquela cidade soube o sr. Veloso, pelos seus eminentes dotes artísticos e morais, cativar a simpatia e consideração, assim de todos os empregados e artistas da Imprensa Imperial de França, onde foi admitido por diligência do exmo sr. Conselheiro Firmo Augusto Pereira Marecos, e especial concessão do governo francês, como a dos mais notáveis tipógrafos, incluindo neste número o venerando M. Theotiste Lefebre, autor da magnífica obra intitulada ‘Guia do Compositor’; e com muitos deles consta-nos que travara e estreitara o sr. Veloso relações que devem de influir poderosamente para o desenvolvimento e aperfeiçoamento da maravilhosa arte de Gutenberg entre nós.
Tivemos em nossa mão alguns dos muitos documentos com que o sr. Veloso abona os seus serviços, e a proficuidade dos seus estudos, justificando assim de um modo brilhante a excelente escolha que dele fizera para tão delicada missão o digno e zeloso administrador geral da Imprensa Nacional de Lisboa.
O sr. Francisco de Paula Nogueira, modesto artista impressor que acompanhou sempre o sr. Veloso nas suas diligências e trabalhos, consta-nos que também realizara importantes progressos na arte que já exercia com distinção, iniciando-se em certos processos de impressão a oiro e a cores, processos inteiramente desconhecidos do nosso país.
Cremos que o público há-de ter em breve conhecimento dos estudos e observações que o sr. Veloso coligiu em extensos e aprimorados boletins; a nós porém cumpre-nos somente congratular-nos neste lugar e ocasião com os nossos amigos, e com os leitores da Federação, especialmente, pelo regresso de um colaborador, cuja falta nos era difícil, senão impossível, suprir digna e cabalmente. — P.»